INVESTIMENTOS
No trimestre passado, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) --medida de investimento-- cresceu 1,3 por cento, interrompendo sequência de quatro trimestres seguidos de queda. Mas ainda continua fortemente no vermelho na comparação anual, com queda de 8,5 por cento. Segundo o IBGE, houve queda na produção interna e importação de bens de capital.
A taxa de investimento do país foi a 17,4 por cento do PIB no último trimestre, a pior para esse período desde 2002 (17,2 por cento).
A indústria, por sua vez, teve expansão de 1,7 por cento entre julho e setembro, sobre o segundo trimestre, após ficar no vermelho por quatro períodos consecutivos. A economista do IBGE, Rebeca Palis, lembra que, no segundo trimestre, houve menos dias úteis por conta da Copa do Mundo, o que ajuda na recuperação agora.
Segundo o IBGE, todos os subsetores da indústria apresentaram variação positiva, com destaque para extrativa mineral (2,2 por cento) e construção civil (1,3 por cento). Mas, apesar da melhora na comparação trimestral, a indústria ainda mostrou contração de 1,5 por cento sobre um ano antes.
Para o quarto trimestre, já aparecem alguns sinais de um pouco mais de recuperação da indústria. A confiança do setor, medida pela Fundação Getulio Vargas (FGV), cresceu em outubro e em novembro, primeiros resultados positivos neste ano.
Por outro lado, a confiança do consumidor não mostrou ímpeto neste período, recuando 1,5 por cento no mês passado ao menor nível desde 2009. [nEMN3ZI154]
Segundo o IBGE, o consumo das famílias recuou no trimestre passado 0,3 por cento, marcando três períodos seguidos sem crescer e o pior desempenho desde o quatro trimestre de 2008 (-2 por cento). Na comparação anual houve expansão de apenas 0,1 por cento.
Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que está deixando o cargo, a economia brasileira está em processo de retomada "em ritmo ainda modesto".
Em nota, Mantega disse que o crédito "começa a dar sinais de melhora", mas reclamou que "ainda está aquém do necessário para levar a taxa de crescimento do consumo das famílias para uma situação de normalidade".
"Tecnicamente saímos da recessão. Mas na realidade, é uma estagnação. A expectativa é crescer um pouco mais que zero este ano, mas a questão é que isso é bem menos do que é razoável para nosso país", afirmou o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves.
A projeção na pesquisa Focus do Banco Central, que ouve semanalmente economistas de instituições financeiras, é de que o PIB crescerá neste ano apenas 0,20 por cento. Se confirmado, será o pior desempenho desde a contração de 0,33 por cento vista em 2009.
(Reportagem adicional de Felipe Pontes, no Rio de Janeiro, e Asher Levine, em São Paulo)