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Brasil é burocrático para 80% da população, diz CNI

Além disso, 73% da população considera que o excesso de procedimentos estimula a corrupção

Por Ayr Aliski e da Agência Estado
Atualização:

BRASÍLIA - A Confederação Nacional da Indústria (CNI) fez um radiografia sobre a opinião dos brasileiros a respeito da burocracia e apurou que 80% dos brasileiros consideram o Brasil "burocrático" ou "muito burocrático". Além disso, fatia de 73% da população considera que o excesso de procedimentos estimula a corrupção. Para a elaboração da pesquisa, a CNI ouviu 2.002 pessoas em 141 municípios.

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O estudo apurou também que parcela de 32% da população acredita que o Brasil é mais burocrático que o resto do mundo. A maioria diz que o excesso de burocracia aumenta os preços dos produtos e serviços (77%), dificulta o crescimento do País (73%) e desestimula os negócios (73%).

Na pesquisa Retratos da sociedade brasileira: burocracia, fatia de 68% do público consultado diz que o governo deveria eleger o combate à burocracia como uma de suas prioridades. Para 73%, o excesso de procedimentos estimula a corrupção. Grupo de 72% acredita que a burocracia incentiva a informalidade. Outros 72% dizem que faz o governo gastar mais do que o necessário. Apesar das reclamações, 63% das pessoas afirmam que a burocracia é importante para evitar o uso indevido dos recursos públicos e 57% acreditam que a burocracia é um mal necessário.Quanto maior a renda familiar, maior a percepção da pessoa de que o Brasil é muito burocrático. Entre os que têm renda familiar acima de dez salários mínimos (R$ 6.780,00 por mês), parcela de 98% considera o Brasil um país burocrático ou muito burocrático. O índice cai para 72%, quando se analisa apenas os entrevistados que têm renda familiar de até um salário mínimo (R$ 678,00 mensal).Obstáculos. O público consultado apontou que os procedimentos mais burocráticos são fazer um inventário, requerer aposentadoria ou pensão e encerrar uma empresa. Também estão nessa lista de dificuldades o processo de tirar passaporte e o de limpar o nome no SPC ou na Serasa. Os mais simples, na opinião dos entrevistados, são o registro de nascimento e a obtenção de carteira de trabalho.O estudo permitiu apurar que metade das pessoas contrata um despachante na hora de encerrar uma empresa, como estratégia para lidar com a burocracia. Os serviços de empresas especializadas também são contratados por 48% da população quando é preciso fazer um inventário e por 41% na hora de licenciar, vistoriar ou transferir um veículo.Uma solução apontada como boa alternativa para reduzir o excesso de burocracia seria a redução do número de documentos. Entre os entrevistados, 83% defendem a unificação da carteira de identidade, do CPF, da carteira de motorista, do título de eleitor e do cartão do PIS/PASEP.Questionados sobre os serviços ou procedimentos feitos nos últimos 24 meses, 21% dos entrevistados afirmaram ter tirado carteira de identidade e 20% disseram ter feito crediário para compra de bens de consumo. Mais de 10% dos brasileiros disseram ter realizado um dos seguintes procedimentos: tirar CPF, carteira de trabalho ou habilitação para dirigir; licenciar, vistoriar ou transferir veículos; receber direitos trabalhistas ou obter empréstimo ou financiamento bancário.Expectativa. A CNI ressalta que, na avaliação da indústria, a redução da burocracia está entre os dez fatores-chave da competitividade. Mesmo assim, a CNI avalia que a burocracia não deve ser eliminada, mas reduzida. "O excesso de burocracia prejudica o País de uma forma geral. Aumenta os custos das empresas e, consequentemente, dos preços dos produtos e serviços, além de elevar o dispêndio de recursos públicos e de incentivar a informalidade. Mas não defendemos o fim da burocracia, é preciso ter regras no País", afirma o gerente executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca.A confederação espera que o Brasil passe da atual 130ª posição do ranking do Banco Mundial que compara a facilidade de se fazer negócios em 185 países para o 80º lugar até 2022. Hoje em dia, países com renda per capita bem próximas à do Brasil apresentam posições muito superiores, como a Colômbia (45º), o Peru (43º) e a África do Sul (39º), destaca a CNI. A mudança de posição no ranking na próxima década, de acordo com a entidade, se dará com mais clareza às normas e previsibilidade à sua aplicação, maior celeridade à tramitação judicial, redução das exigências burocráticas e aperfeiçoamento do sistema de licenciamento ambiental.

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