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Com desvalorização do real, Brasil perde espaço no ranking da riqueza global

De acordo com o banco Credit Suisse, renda média anual do brasileiro caiu para US$ 17,5 mil este ano; Suíça está no topo do ranking, com adultos ganhando em média US$ 545 mil por ano, 30 vezes mais do que no País

Por Jamil Chade
Atualização:

A desvalorização do real faz o Brasil registrar uma das maiores quedas na renda média de um adulto em dólares entre as maiores economias do mundo. Dados publicados nesta terça-feira, 13, pelo banco Credit Suisse sobre a riqueza no planeta apontam que a renda média anual de um brasileiro caiu de US$ 23,4 mil para apenas US$ 17,5 mil entre 2014 e 2015. Já o número de milionários não para de subir. 

Segundo o banco, entre 2000 e 2014, a riqueza média do brasileiro triplicou, passando de US$ 8 mil para US$ 23,4 mil. Para chegar a esse valor, o Credit Suisse calcula os ativos financeiros e bens, reduzindo os níveis de endividamento. 

Número de milionários também cresceu no País nos últimos anos, o que evidencia adesigualdade social; na foto, vista de Paraisópolis (SP) Foto: Clayton de Souza/Estadão

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Mas numa comparação internacional, o Brasil agora aparece apenas com a 74ª maior renda por adulto, superado entre 2014 e 2015 pelo Peru, Colômbia, Turquia e Tunísia. A riqueza é menos da metade da média mundial, de US$ 52 mil, e está abaixo da taxa latino-americana, de US 18 mil. Na China, a riqueza média de um adulto é de US$ 22 mil por ano. 

No Brasil, a queda na renda média em dólar foi de 24% em doze meses, algo que só foi superado pela Rússia e Ucrânia. Descontando as flutuações da moeda, porém, a riqueza do brasileiro em reais continuou amentando em 5,9% entre 2014 e 2015. 

A liderança no ranking da riqueza no mundo é da Suíça, com uma média dos adultos de US$ 545 mil por ano, 30 vezes a do Brasil. A segunda posição é da Nova Zelândia, com uma riqueza média por adulto de US$ 400 mil. A terceira posição é da Austrália, seguida pelos EUA. 

Desigualdade. O informe também aponta que a desigualdade continua elevada no Brasil. Em 2015, o País soma a sétima maior população de milionários no mundo, com 168 mil pessoas nessa categoria.Até 2020, a estimativa do banco é de o número de milionários brasileiros aumente em 37%, para um total de 229 mil. 

Mas, no total, apenas 11 milhões dos 200 milhões de brasileiros podem ser considerados como "classe média ", um padrão que é calculado pelo banco como sendo de uma pessoa com uma renda mínima de US$ 28 mil por ano no Brasil. No total, essas 11 milhões de pessoas detém cerca de 30% do PIB nacional. 

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Hoje, portanto, o Brasil tem uma classe média menor que a do México, com 12,9 milhões e metade da espanhola, com mais de 20 milhões. Na China, essa classe soma 109 milhões de pessoas. O número representa apenas 8% da população brasileira, uma taxa distante dos mais de 40% na Alemanha e países escandinavos, mas também inferior a Polônia, Chile, Malásia, China e Peru. 

"A alta taxa de desigualdade reflete a desigualdade de renda, que está por sua vez relacionada com os padrões desiguais de educação entre a população e o hiato entre a economia formal e informal ", alerta o banco.

Não é apenas no Brasil que a disparidade social é profunda. Segundo o banco, apenas 1% da população mundial detém 50% da renda do planeta. A riqueza total chegou a US$ 250 trilhões em 2015 e, em 2020, deve superar a marca de US$ 300 trilhões. 

O número de milionários também vai continuar aumentando, em 46% em apenas cinco anos. Em 2020, cerca de 49,3 milhões de pessoas poderão ser considerados como milionários. 7,5% deles estarão nos países emergentes.

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