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Brasil recebeu US$ 3,4 bilhões após estouro da crise política

Dados registrados pelo Banco Central se referem tanto a transações comerciais quanto a fluxos financeiros; avanço do dólar beneficia exportações

Foto do author Lorenna Rodrigues
Por Fabrício de Castro e Lorenna Rodrigues (Broadcast)
Atualização:

BRASÍLIA - Nos dois dias imediatamente após o estouro da crise política, o Brasil recebeu um total de US$ 3,462 bilhões, conforme dados divulgados hoje pelo Banco Central. Os recursos entraram no País na quinta e na sexta-feira da semana passada, tanto pela via comercial quanto pela via financeira.

O movimento chama a atenção em um primeiro momento, já que a crise política, em tese, torna o País menos atrativo a investimentos diretos ou em carteira. No limite, as fortes variações cambiais também afetam a área comercial.

Na teoria, instabilidade política tornaria ativos brasileiros menos atrativos Foto: DIDA SAMPAIO / ESTADÃO

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No entanto, o Brasil recebeu US$ 1,914 bilhão líquidos pela via financeira na quinta e na sexta-feira. Na área comercial, entraram no País US$ 1,548 bilhão.

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Este fluxo foi mais forte justamente na quinta-feira, o primeiro dia em que houve reação do mercado às delações de executivos da JBS, que atingem o governo de Michel Temer. Na ocasião, o dólar disparou mais de 8% ante o real.

"É difícil definir precisamente o que está acontecendo num dia específico no mercado de câmbio. Há muitos participantes que têm posições opostas, que têm interesses opostos", disse o chefe adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, Fernando Rocha, ao comentar os números. "Houve um aumento na taxa de câmbio (alta do dólar), e isso pode ser favorável ao exportador, para internalizar recursos", acrescentou.

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Rocha lembrou ainda que, no caso de Investimentos Diretos no País (IDP), a decisão de aportes costuma ser de longo prazo e não há mudanças de um dia para outro. "Não há impacto (da crise política) na entrada de investimentos diretos", disse. Segundo ele, a expectativa é de que o investimento direto continue "robusto" e financiando a conta corrente.

"Com o evento da semana passada, tivemos um aumento de incertezas. Mas a mensagem é que o BC atua para manter o bom funcionamento do mercado", disse ainda Rocha, em referência às operações com swaps realizadas pela instituição desde a última quinta-feira, para manter a liquidez no mercado cambial. 

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