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Brasileira Avibrás fecha contrato de US$ 400 milhões com a Indonésia

Defesa. Fabricante de São José dos Campos (SP) fornecerá a versão mais avançada do lançador de foguetes de artilharia Astros-2 para batalhões especiais do Exército do país asiático; para cumprir o contrato, empresa abrirá escritório na capital Jacarta

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A versão mais avançada do lançador de foguetes de artilharia Astros-2, vai equipar batalhões especializados do Exército da Indonésia. Há duas semanas, em Jacarta, a Avibrás Aeroespacial, de São José dos Campos (SP), assinou o acordo comercial para fornecer pouco mais de US$ 400 milhões - cerca de R$ 800 milhões - em unidades do sistema de armas. O contrato é amplo: envolve dois grupos completos do Astros - carretas lançadoras, blindados de comunicações, comando e controle, e viaturas para o radar de coordenação, junto das centrais de meteorologia.O tamanho exato do pacote está protegido por cláusula de confidencialidade. No entanto, o número é estimado em 40 veículos. O sigilo protege também as especificações do tipo de munição escolhido. O sistema emprega foguetes com alcance entre 9 e 100 quilômetros. Os modelos maiores, SS-60 e SS-80, podem receber ogivas múltiplas, levando até 70 pequenas granadas, dispersadas sobre o alvo.A versão selecionada pelos indonésios é a Mk-6, a mais avançada do portfólio da Avibrás. Ainda não é a série 2020, definida pelo Exército brasileiro, e que utilizará misseis de cruzeiro para atingir objetivos a 300 quilômetros, além de um foguete guiado com possibilidade variada de configuração. O programa é prioritário no Ministério da Defesa, incluído no PAC-Equipamentos pela presidente Dilma Rousseff. Foram liberados R$ 45,3 milhões para a fase inicial. O custo total é de R$ 1,09 bilhão.O Astros da Indonésia sairá da fábrica com pesada carga eletrônica. Isso permitirá a futura incorporação da nova munição inteligente que cumpre atualmente as etapas de certificação - é o caso do míssil, por exemplo.Para o ministro da Defesa, Celso Amorim, "o negócio mostra a importância de o Brasil dedicar-se ao trabalho com novos protagonistas e parceiros". Para Amorim, "a Indonésia tem grande importância no contexto mundial e já adquiriu aviões Super Tucano da Embraer". A aviação de Jacarta adquiriu 16 turboélices, no arranjo de ataque leve, vigilância eletrônica e apoio à tropa terrestre.Concorrência pesada. Para cumprir o contrato, a Avibrás vai instalar um escritório técnico na capital indonésia. É o segundo da empresa na região. O primeiro é o de Kuala Lumpur, na Malásia, país onde o Astros faz parte de um comando estratégico desde 2010. A encomenda do exército malaio bateu em R$ 500 milhões."A concorrência na Indonésia foi muito pesada", diz o presidente da empresa, Sami Hassuani. A negociação começou em 2008 e exigiu "agilidade e prova de capacidade técnica o tempo todo". O resultado, entretanto, é bastante bom. Sami estima que os documentos finais serão firmados em no máximo 90 dias e as entregas finalizadas em três anos, "mas a convivência com o cliente vai se estender por até 30 anos".Esse tempo, no entendimento do mercado de equipamento militar, é o que é dedicado ao aperfeiçoamento tecnológico, encomendas suplementares e sobretudo ao atendimento da abertura de novas parcerias. O impacto da encomenda indonésia será grande no polo industrial de São José dos Campos. Na Avibrás, já se sabe, serão criadas 300 empregos diretos - e 600 outros na cadeia dos fornecedores, quase todos da região do Vale do Paraíba.A assinatura do protocolo inicial foi no dia 8, em Jacarta, pelo diretor da Agência de Aquisições do Ministério da Defesa indonésio, Ediwan Prabowo, e por Sami Hassuani. Dois dias depois, o presidente do país, Susilo Bambang Yudhoyono, viu uma carreta lançadora do Astros, já pintada com as cores do exército local e armada com quatro foguetes SS-80. A apresentação, na feira de material de defesa Indo Defence, implicou uma operação complexa. A fabricante não tinha um veículo de demonstração. Mandou para a Indonésia uma unidade operacional, de série - um carro de guerra, pronto para o combate. O prazo era curto. Um jato cargueiro Boeing 747 f0i fretado pela Avibrás para levar toneladas de material por metade do planeta sem risco. Deu certo.

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