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Braskem será responsável por central petroquímica no Rio de Janeiro

A estatal assumirá a parte de refino e a Braskem, a produção de resinas

Por Kelly Lima e Alexandre Rodrigues
Atualização:

A Petrobrás mudou o projeto original do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) para adaptá-lo às necessidade de oferta e demanda de combustíveis no País. No novo projeto, o óleo pesado, que serviria de matéria-prima para a fabricação de produtos petroquímicos a partir de tecnologia inovadora, será substituído pelo gás natural, existente em abundância na área do pré-sal.

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A estatal decidiu assumir toda a parte de refino e deixar 100% da central petroquímica com a Braskem. "Apenas as resinas que não interessarem à Braskem vamos oferecer para outros parceiros", disse o diretor de Abastecimento e Refino da estatal, Paulo Roberto Costa, ontem, em visita às obras do Comperj.

O presidente da Braskem, Carlos Fadigas, que fez ontem uma apresentação para analistas na Apimec-Rio, disse que a empresa ainda não definiu o volume de investimentos no Comperj. Apesar de alegar que a Braskem já havia decidido participar do projeto há mais de dois anos, ele reconheceu que agora houve um acerto mais fino na negociação com a Petrobrás, aumentando "o grau de certeza".

Segundo ele, no entanto, o valor e a data da entrada da companhia no empreendimento só deverá ter uma primeira estimativa "ao longo do ano". "O projeto do Comperj é para daqui a seis, sete anos." Ele comentou que a confirmação da troca do óleo bruto pelo gás como matéria-prima deu "mais assertividade" às conversas com a Petrobrás, mas sustentou que não foi o fator decisivo. "Nossa decisão de participar sempre existiu. Essa evolução da Petrobrás no pré-sal, com (aumento) de volumes de petróleo e gás, deu a confiança de ter a matéria-prima gás disponível para o Comperj", afirmou.

Derivados. O diretor de abastecimento da Petrobrás anunciou também que a produção de derivados na unidade, antes relegada a segundo plano, terá prioridade a partir de uma mistura de óleo leve e pesado. Ele explicou que houve necessidade de adaptação por conta do aumento nas vendas no mercado interno acima do projetado.

No ano passado, para um crescimento do PIB na casa dos 7%, as vendas no mercado doméstico de combustíveis superaram em 10% o consumo do ano anterior. Para 2011, a perspectiva é de que o consumo acompanhe ou seja superior à alta do PIB.

No projeto original, o Comperj era uma refinaria petroquímica, voltada à produção de eteno e propeno, com quantidade inexpressiva de produção de diesel e querosene de aviação. "O gigantismo da área em que o complexo está instalado, as mudanças do mercado consumidor e as descobertas do pré-sal ofereceram um novo prisma. De lá para cá, o mundo mudou, o pré-sal se tornou realidade e precisamos adaptar a unidade a essa realidade", disse Costa.

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Ele negou que a resistência de eventuais sócios às tecnologias inéditas de processamento de óleo para a produção de petroquímicos tenha tido influência na decisão de mudar o projeto. Antes da adaptação para o gás natural, a Petrobrás já vinha estudando a substituição da matéria-prima por uma mais tradicional - no caso, a nafta. Costa afirmou ainda que a utilização do gás natural como matriz energética deverá reduzir o custo do projeto "significativamente".

Porém, ele não quis informar o atual orçamento da obra. Inicialmente, o projeto previa custo de US$ 8,5 bilhões. "Esse valor previa uma central petroquímica em duas fases. Não há como comparar os dois projetos. Mas, em relação ao processamento de óleo pesado para leve e em relação à nafta, haverá ganhos financeiros e ambientais", disse.

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