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BTG capta fundo de R$ 2,6 bilhões para investir em florestas no Brasil

Ancorada no bom momento do mercado de celulose no País, captação do fundo superou a meta de US$ 750 milhões e conseguiu chegar a US$ 860 milhões; florestas 'terceirizadas' dobraram participação no mercado brasileiro nos últimos cinco anos

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Por Fernando Scheller
Atualização:

Ancorado no bom momento das fabricantes brasileiras de celulose, que pertencem a um dos poucos setores beneficiados pela valorização do dólar no País, a área de gestão de ativos do banco BTG Pactual captou US$ 860 milhões (cerca de R$ 2,6 bilhões) em um fundo dedicado a investir em ativos florestais no Brasil e em outros países da América Latina. A captação do fundo superou as expectativas do banco, que inicialmente previa angariar US$ 750 milhões. Embora as grandes produtoras de celulose ainda concentrem a administração de suas florestas - cerca de 80% das áreas dedicadas à produção de eucalipto estão sob gestão direta das fabricantes -, este padrão está mudando aos poucos. Nos últimos cinco anos, a participação das florestas de propriedade de fundos dobrou.

Fábrica da Fibria: celulose anima fundos florestais Foto: Tasso Marcelo/Estadão

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Segundo dados da consultoria Consufor, a fatia desses fundos subiu de 3%, em 2009, para 6%, no ano passado. O valor das terras sob a gestão desses investidores passou de R$ 2,6 bilhões, há cinco anos, para R$ 8,3 bilhões, em 2014. Para Ederson de Almeida, da Consufor, a tendência é de uma aceleração ainda mais acentuada nos próximos anos: até 2020, diz ele, o valor dessas áreas deve chegar a R$ 20 bilhões.

Esse crescimento do mercado brasileiro será refletido no portfólio do negócio de florestas do BTG, afirmou ao Estado o executivo-chefe do grupo de investimento em madeira do banco, Gerrity Lansing. Hoje, o Brasil já é o segundo principal destino dos investimentos da área, com 29%, atrás somente dos Estados Unidos, que concentram 66%. Com US$ 860 milhões em dinheiro novo, essa diferença tende a ser reduzida.

De acordo com o executivo, isso ocorrerá pela inevitável concentração de investimentos em novas plantas de celulose no Brasil. "É uma tendência que eu considero irreversível", disse Lansing. "Não se abre uma nova fábrica de celulose nos EUA desde 1989. A por uma só razão: a produtividade das florestas é mais baixa."

Enquanto o mercado americano de celulose se contrai, no Brasil os investimentos continuam a ocorrer com regularidade. O Instituto Brasileiro de Árvores (Ibá) lembra que, além da nova unidade da Klabin, prevista para começar a operar no início de 2016 em Telêmaco Borba (PR), a Eldorado Celulose, do grupo J&F, já anunciou a expansão de sua produção em Três Lagoas (MS). A Fibria, líder global em fibra curta, também deve tomar uma decisão em breve sobre a expansão de sua unidade em Três Lagoas.

Segundo Elizabeth de Carvalhaes, presidente do Ibá, a expansão do mercado de celulose no País deverá exigir a busca por florestas "terceirizadas". "A produção das novas fábricas pode chegar a 2 milhões de toneladas de celulose por ano", explica. Cinco fundos que investem em madeira são associados ao Iba, incluindo o do BTG.

Risco. O executivo do BTG diz que, de maneira geral, os preços das terras, ainda não começaram a cair no Brasil, apesar da crise econômica - o Produto Interno Bruto (PIB) deve ter retração de 1,2% em 2015, de acordo com a média das previsões do relatório Focus, divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central (BC). "O que percebemos são alguns movimentos de depreciação pontuais em Estados como Minas Gerais e Mato Grosso do Sul", afirmou Lansing.

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