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Carrefour compra Atacadão por R$ 2,27 bilhões

Segundo maior grupo varejista do mundo, a rede francesa quer garantir a liderança do segmento no Brasil, à frente do grupo Pão de Açúcar

Por Agencia Estado
Atualização:

O Carrefour comprou o Atacadão por 825 milhões de euros (R$ 2,27 bilhões), tornando-se líder do segmento no Brasil. O grupo francês, que é superado no mundo apenas pelos americanos da Wal-Mart, aponta o País como uma de suas prioridades nos mercados emergentes. Com a aquisição do Atacadão, o Brasil passa responder por 7% dos lucros do grupo no mundo, um dos maiores índices entre os países emergentes. O interesse das redes internacionais pelo País não é por acaso: segundo um estudo realizado por economistas da ONU, a América Latina é a região onde os supermercados mais crescem no mundo. Com a compra, o Carrefour supera o Wal-Mart e o brasileiro Pão de Açúcar no mercado nacional, com uma participação total de 17,4%. O Wal-Mart, que ainda é líder mundial, chegou a avaliar a compra do Atacadão e, entre os analistas internacionais, era visto como o favorito para levar o grupo brasileiro, que estava a venda há três anos. Isso porque os norte-americanos vêm adotando uma política agressiva de aquisições em vários mercados latino-americanos e a compra do Atacadão seria uma passo em sua estratégia de controle da região. Na Europa, analistas apontaram a aquisição pelo Carrefour como "positiva" para o grupo francês. Ainda que o valor da compra ultrapasse a marca de US$ 1 bilhão, o preço foi considerado como "adequado". Estratégia A estratégia do Carrefour agora é a de ampliar a rede de lojas. Hoje, entre duas e três novos locais são inaugurados por ano. Em pouco tempo, os franceses esperam que a expansão possa contar entre quatro e cinco novas lojas por ano. Isso já somado aos 109 lojas do Carrefour e outras 258 do dia. Em termos de vendas, o Carrefour somou 3,8 bilhões de euros (R$ 10,4 bilhões) no Brasil em 2006. Agora, adicionará a seu portfólio vendas de 1,5 bilhão de euros (R$ 4,12 bilhões) pelo Atacadão. Isso permitirá que o Brasil passe a representar quase 7% das vendas mundial do grupo francês, contra 4,9% em 2006. "Com essa transação, o Carrefour se torna o número 1 da distribuição alimentar em termos de lucros no Brasil", afirmou um comunicado do grupo em Paris. Os executivos franceses ainda garantem que a estratégia do Atacadão será preservada, assim como seu público-alvo. Nenhuma das 34 lojas será fechada. Na avaliação do Carrefour, o modelo baseado em custos baixos e eficiência de vendas é complementar ao do grupo francês que, com o Atacadão, poderá ter uma maior penetração no mercado de renda mais baixa. Em Paris, o grupo ainda afirma que a aquisição faz parte da estratégia do Carrefour de fortalecer sua presença nos países emergentes por meio de uma expansão de seus negócios adaptados à realidade local. Internacionalização do setor O interesse do Carrefour pelo Brasil é mais uma demonstração da internacionalização do setor de distribuição de alimentos. Segundo um estudo da ONU, a América Latina é a região onde o setor de supermercados mais cresce entre os países emergentes, em parte por causa da concentração e internacionalização no setor. Segundo as Nações Unidas, o aumento das redes de supermercados foi de 237% desde 1997 e hoje essas lojas representam entre 50% e 60% das vendas de alimentos na região. No Brasil, essa taxa chega a 72%. Em 1990, os supermercados respondiam por apenas 20% do total de vendas de alimentos na América Latina. A existência dessas redes pode ser positiva para as exportações de alguns países, já que possibilita a maior penetração dos produtos em vários mercados e reduz o custo dos exportadores em buscar consumidores para suas mercadorias. O relatório alerta, porém, que, para os exportadores poderem aproveitar-se das redes de supermercados, precisam apresentar os níveis de qualidade exigidos pelas empresas multinacionais, o que nem sempre é fácil. Segundo a ONU, uma importante parcela de pequenos produtores de leite, coco e trigo no Brasil chegou a ser deslocada do mercado nacional no início da década por não atender às exigências técnicas dos supermercados. Matéria alterada às 13h08 para acréscimo de informações

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