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Carros de luxo já dominam o estacionamento

Consumidores de alta renda preferem comprar em grande quantidade para economizar

Foto do author Márcia De Chiara
Por Márcia De Chiara
Atualização:
Troca. Sueli Ranieri reduziu em 50% o gasto Foto: SERGIO CASTRO|ESTADÃO

A mudança de perfil dos clientes das lojas de atacarejo é visível logo na entrada do estacionamento. Na garagem da loja do Giga, localizada no bairro nobre de Tamboré, em Barueri, na Região Metropolitana de São Paulo, por exemplo, não faltam utilitários esportivos e sedãs de marcas de luxo como Audi, BMW e Mercedes-Benz estacionados ao lado de veículos populares, mas em menor quantidade.

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Nos últimos tempos, os consumidores das classes de maior renda decidiram seguir o exemplo da classe C e também dos pequenos empreendedores. Para driblar a inflação, trocaram o supermercado pelo atacarejo.

Esse é o caso da psicóloga Sueli Ranieri, de 55 anos, casada e mãe de três filhos, que mora em Alphaville. “Faz uns 40 dias que mudei do supermercado para o atacarejo”, conta. A troca, segundo ela, foi vantajosa. Semanalmente, Sueli gastava entre R$ 800 e R$ 900 no supermercado. No atacarejo, desembolsa a metade e conseguiu manter a maioria das marcas que estava acostumada a comprar.

Ela e o marido, que é médico, sentiram a inflação. Além de optar pelo atacarejo, a família reduziu as viagens. “Antes íamos umas quatro a cinco vezes por ano para fora do País. Atualmente nem turismo interno, estamos ficando em casa”, conta.

Essa também é a situação da empresária Christiane Peres Alonso, de 50 anos, casada e com dois filhos. “Imagina viajar?”, diz ela, que até pouco tempo atrás ia uma vez por ano ao exterior. Hoje, ela está preocupada com a compra do dia a dia.

Para economizar, desde o final de 2014 a empresária trocou o supermercado pelo atacarejo. No supermercado, ela deixava cerca de R$ 2,5 mil a cada 20 dias. Agora ela desembolsa R$ 1,5 mil no atacarejo. “Estou comprando menos produtos e aproveitando as ofertas”, explica. “Hoje o filé mignon está por R$ 18 o quilo, então vale a pena levar uma peça”, exemplifica.

Christine diz que, apesar da mudança, conseguiu preservar o padrão de consumo, mantendo na dispensa marcas mais sofisticadas, como macarrão Barilla, conservas Bonduelle e azeite Gallo, por exemplo. Entre as fórmulas para economizar, ela cita a compra de várias unidades do mesmo produto, quando há um bom desconto.

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Cautela. Georges está de olho nos preços Foto: SERGIO CASTRO|ESTADÃO

Cuidado. Outra saída é aproveitar quando o preço é menor porque o produto está próximo da data de vencimento. Recentemente Christiane aproveitou essa oferta, mas não se deu bem. Comprou um pacote de pão de mel que estava mofado. “Eles não me enganaram, arrisquei.”

O empresário Ibrahim Georges, de 64 anos, que há mais de um ano trocou o supermercado pelo atacarejo, recomenda cuidado na compra, apesar de a maioria dos preços ser mais atraente. Na semana passada, ele encontrou dentro da mesma loja uma diferença de 33% no valor unitário do rolo de papel higiênico do mesmo tipo e da mesma marca entre uma embalagem de 16 unidades e outra de 24. O gerente da loja informou que a diferença ocorre por causa das condições de negociação.

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