PUBLICIDADE

Publicidade

Caso Postalis reforça pedido de CPI pelos partidos de oposição

Investigação do órgão fiscalizador de fundos de pensão diz que déficit foi provocado por investimentos suspeitos

Por MURILO RODRIGUES e ALVES ANDREZA MATAIS/BRASÍLIA
Atualização:

Os partidos de oposição consideram que a conclusão da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) de que a diretoria do Postalis tem responsabilidade por parte do rombo de R$ 5,6 bilhões do plano de benefício definido dos carteiros, revelada ontem pelo Estado, reforça a necessidade de instalação de uma CPI dos fundos de pensão.O requerimento teve a assinatura de 186 deputados de 24 partidos, mas a CPI ainda depende do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para ser instalada. Atualmente, há uma fila de abertura de CPIs que tem sete requerimentos. Só podem existir simultaneamente na Câmara cinco comissões de inquérito - hoje há quatro em funcionamento. "O aparelhamento político dos fundos de previdência complementar, que têm funcionários de estatais e servidores públicos como participantes, associado aos prejuízos milionários recorrentes e decorrentes de sua má gestão, assinalam mais um possível foco de corrupção que carece ser investigado com a máxima urgência", disse o líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno, autor de pedido para a criação da CPI. "A combinação de corrupção e incompetência geraram esse rombo absurdo", completou o líder do Democratas na Câmara, Mendonça Filho (PE).O déficit de R$ 5,6 bilhões no plano do Postalis, controlado pelo PT e PMDB, foi provocado em sua grande parte por investimentos suspeitos, pouco rentáveis ou que não tiveram ainda rendimento repassado ao fundo, apontam dois relatórios de fiscalização que o Estado obteve. Também sob influência dos dois partidos políticos, a Funcef (dos funcionários da Caixa) e a Petros (Petrobrás) contabilizam prejuízos bilionários e também devem ser investigados.O Postalis divulgou nota ontem para afirmar que recebeu 9 dos 23 autos de infração decorrentes da fiscalização de seis meses da Previc.A entidade disse que o rombo decorre, principalmente, da desvalorização de cotas de fundos e da necessidade de provisionamentos relativos a investimentos feitos entre 2007 e 2011. Segundo o Postalis, a rentabilidade negativa do plano de 13,39% em 2014 é resultado desses investimentos.A diretoria do fundo afirmou que, por causa da baixa rentabilidade, transferiu a gestão do fundo Serengeti para a carteira própria em setembro de 2013. Como o Estado revelou ontem, a Previc concluiu que a rentabilidade desse fundo era "pífia", quando não negativa. Foram "incompreensíveis", segundo a Previc, "os constantes aportes de recursos, ao contrário do que seria esperado para um fundo cuja carteira possuía ativos com baixíssima liquidez e com altíssimo risco de crédito".No entanto, o mesmo comportamento ocorreu nos investimentos do outro plano do Postalis, o PostalPrev. Quem ingressou nos Correios até 2005 é participante do plano de benefício definido, que está no vermelho. Os demais são beneficiários do PostalPrev. A Previc também encontrou problemas nesse plano. Ao analisar os investimentos no Fundo São Bento, que tem quase 40% dos recursos desse plano, o órgão de fiscalização chegou à conclusão que, mesmo apresentando rentabilidade insuficiente, foram realizados diversos aportes de recursos. O órgão afirma que o desempenho ruim do São Bento e de vários outros fundos eram "de conhecimento amplo e geral" das pessoas que decidiam os investimentos do Postalis, incluindo o presidente e o diretor financeiro. Os fundos Serengeti e São Bento, como todos os outros, eram administrados pelo BNY Mellon.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.