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Cautex investe R$ 1 bi em fazendas de seringueiras

Grupo reposiciona marca e faz parcerias com investidores de 5 Estados para se tornar o maior produtor de borracha do País

Por CHICO SIQUEIRA e SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
Atualização:

O grupo Polifer Agrícola, de São José do Rio Preto, promoveu o reposicionamento da marca e se transformou na Cautex Florestal para se tornar o maior produtor de borracha natural do País. Até 2020, a empresa estará produzindo látex de 20 milhões de pés de seringueiras, plantadas em 40 mil hectares em fazendas de SP, MS, MT, MG e GO.A expectativa é de que, em nove anos, a produção chegue a 70 mil toneladas de borracha seca/ano - o equivalente a mais da metade da produção atual do País, que foi de 135,5 mil toneladas na safra passada (2010/2011). A produção já começou nesta safra atual (2011/2012), com a extração de látex de 160 mil árvores numa área no município de Pereira Barreto (SP). O investimento total é de R$ 1 bilhão.A Cautex vai plantar e gerenciar as florestas de seringueiras e também ficará responsável por comercializar a borracha seca produzida. As florestas estão sendo plantadas em propriedades de 34 parceiros da Cautex, pessoas físicas e jurídicas, entre elas, Alexandre Grendene (Agropecuária Jacarezinho), Aluizio Araújo (conselheiro Odebrecht e dono da Jaguari Agrícola), João Francisco Amaro (TAM) e outros. "Os investidores estão descobrindo que a heveicultura é rentável", diz o dono da Cautex, Getúlio Ferreira Júnior. Segundo ele, o grupo coordenado pela Cautex já possui 30 mil hectares que deverão receber o plantio de 15 milhões de árvores: "Nossa intenção é quando a produção aumentar, montarmos nossa própria usina para processamento da borracha, o que nos vai garantir uma melhor remuneração."Segundo Getúlio, a Cautex surgiu de um reposicionamento de marca da Polifer, que é a maior produtora de mudas de seringueiras do País -na safra passada vendeu 2,5 milhões de mudas - e fabrica equipamentos para a extração de látex. "Houve uma divisão: a Cautex ficará com a parte de gerenciamento de florestas e com a produção e comercialização de látex, enquanto a Polifer ficará com o fornecimento de mudas e equipamentos industriais", explicou. A Polifer pertence a um irmão de Getúlio, que investiu em torno de R$ 500 mil só na criação da nova empresa. Pelo projeto, a Cautex deverá ficar com uma porcentagem entre 5% e 10% do faturamento das florestas, mas ela será responsável por toda a operação, desde o plantio e manutenção das florestas até a venda final da borracha. "Essa união com a Cautex é importante porque se trata de uma empresa que tem larga competência no setor e a comercialização em conjunto vai valorizar ainda mais nossa borracha", diz João Francisco Amaro, irmão de Rolim Amaro e um dos fundadores da TAM. Conhecedor da heveicultura, Amaro entrou na sociedade com uma fazenda no município de Iturama (MG), na divisa com São Paulo. "Sempre tive um sonho de plantar seringueira que é uma plantação muito bonita e agora está bem rentável. Por isso, plantei 100 mil árvores que devem começar a produzir em dois anos", diz Amaro. "A produção demora seis a sete anos para começar, mas depois ela dura 35 anos e ainda nos sobra de 60% a 70% da receita todos os anos", completa. Remuneração. "A remuneração é melhor que a do gado e da cana. É possível que depois de três anos de extração de látex, a gente consiga ter retorno do investimento", diz Diego Sala, da Sala Agropecuária, parceira da Cautex. Uma das introdutoras da raça de bovinos Angus (trazida dos Estados Unidos) no País, a Sala está investindo R$ 3,6 milhões no plantio de 100 mil pés de seringueiras na fazenda Carol Jane, em Nova Granada (SP). Outro que também trocou o gado pela seringueira foi o conselheiro da Odebrecht Aluizio Araújo, dono da Jaguari Comércio e Agrícola Ltda, numa das fazendas da sua empresa, em Araçatuba. Na fazenda Jacarezinho, em Valparaíso, o empresário Alexandre Grendene plantou 132 mil pés de seringueiras onde antes eram 242 hectares de pasto -o gado ele levou para o oeste da Bahia.

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