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Centauro paga R$ 900 milhões para comandar distribuição da Nike no País

Negócio tem valor aproximado de R$ 900 milhões e ainda está sujeito à autorização do Cade

Foto do author Fernando Scheller
Por Fernando Scheller e Bianca Gomes
Atualização:

Depois de perder para o Magazine Luiza uma acirrada disputa pela Netshoes, a varejista de materiais esportivos mineira Centauro estava atrás de uma alternativa para crescer. Meses mais tarde, um convite que veio dos Estados Unidos ofereceu uma saída: a Nike buscava um parceiro para assumir as operações comerciais no Brasil e convidou o grupo SBF, controlador da Centauro, a participar da negociação. Foi a gênese para o acordo de R$ 900 milhões anunciado nesta quinta, 6. 

Pedro Zemel, presidente do grupo SBF, controlador da Centauro Foto: Daniel Teixeira/ Estadão

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O contrato envolve todas as operações comerciais da marca americana no Brasil: a dona da Centauro vai assumir as megastores da marca em shopping centers e também as operações em outlet (no total, são 24 lojas, segundo apurou o Estado). O acordo também inclui a distribuição dos produtos da Nike para todas as varejistas multimarca do País, além da administração do e-commerce da marca.Apesar de o contrato de distribuição da Nike por um período de 10 anos, o presidente do grupo SBF, Pedro Zemel, afirma que ele é renovável e de “muito longo prazo”. A americana também vendeu suas operações comerciais na Argentina, no Chile e no Uruguai, arrematadas pelo grupo mexicano Axo.

O acordo exclui a coordenação da fabricação dos produtos – que é majoritariamente terceirizada a indústrias locais e continuará a ser feita pela matriz americana –, as marcas e também ativos de marketing, como a parceria entre a gigante americana e a seleção brasileira de futebol. 

O movimento é mais um passo do grupo da Centauro – que faturou quase R$ 2,3 bilhões em 2018 e hoje tem 209 lojas – para modernizar sua atuação. Em 2015, o fundador Sebastião Bonfim Filho deixou a presidência. Ele foi substituído por Zemel, que tem formação na Universidade de Harvard e tinha passagem pelo fundo de private equity GP Investimentos.

O grupo chegou à Bolsa em 2019, depois de uma tentativa frustrada no ano anterior. Na estreia, arrecadou R$ 772 milhões e chegou à B3 cotada a R$ 12,50, pouco acima do patamar mínimo que havia estabelecido. Com o fechamento de ontem, a empresa acumula valorização de quase 300% desde a estreia.

Capitalizada depois do IPO, a companhia começou a buscar alternativas para expandir seu negócio e mostrar-se preparada para a atuação online. Depois de perder a Netshoes para o Magazine Luiza, fechou um acordo comercial com a B2W, dona da Americanas.com, para lançar uma plataforma de artigos esportivos dentro da gigante do e-commerce. A parceria com a Nike vem, agora, para reforçar a estratégia que Zemel classifica como “um ecossistema de esporte”.

Ânimo

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Os analistas consideraram o movimento positivo – o que levou à disparada das ações da empresa. “O acordo reforça nossa visão sobre o posicionamento da Centauro como consolidadora no segmento de artigos esportivos e, mais uma vez, supera nossas expectativas em relação ao plano apresentado na ocasião do IPO”, disseram os analistas Giovana Scottini e Eric Huang, da Eleven Financial.

A Centauro não deu detalhes sobre a estruturação financeira usada para financiar o acordo. Por ora, a empresa tem crédito assegurado por três bancos – Bradesco, Itaú e Santander – e completaria a diferença para os R$ 900 milhões com caixa próprio. “Estamos com situação de caixa muito saudável e continuaremos assim”, garantiu o presidente do grupo SBF. / COLABOROU ANDRÉ VIEIRA

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