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CEO externo não está nos planos das empresas familiares

Pesquisa da KPMG aponta que só 16% das companhias brasileiras fundadas por famílias têm presidente independente

Por Raquel Brandão
Atualização:
Terceira geração dos Trajano, Frederico chegou ao comando daMagazine Luiza neste ano Foto: DIVULGACAO

A maioria das empresas familiares brasileiras quer continuar em família. Foi a essa conclusão que a consultoria KPMG chegou em sua mais recente pesquisa sobre governança em empresas desse tipo. Das companhias consultadas, apenas 16% têm como diretor executivo um membro que não seja da família. Além disso, ainda que 86% prevejam mudanças na gestão, só um terço desse porcentual pretende apontar um CEO externo nos próximos doze meses. 

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“No Brasil, há uma forte influência do modelo europeu de negócio. Mesmo que a empresa cresça e se torne de capital aberto, há a ideia de que ela siga com caráter familiar. Nos Estados Unidos, por exemplo, a cultura é diferente. Muitas vezes, os fundadores fazem a companhia crescer e depois a vendem”, explica Sidney Ito, sócio de consultoria em riscos e governança corporativa da KPMG no País. 

Ainda segundo a pesquisa, para 74% das companhias o treinamento sucessório é algo muito importante. Um exemplo disso, é o empresário Frederico Trajano que, preparado desde o começo de 2014 para suceder a mãe Luiza Helena Trajano, assumiu no início de 2016 o comando da Magazine Luiza. Segundo o estudo, a situação da varejista ainda é minoria, já que 88% das empresas estão sob o comando da primeira e segunda gerações.

Como as empresas brasileiras ainda são substancialmente novas, grande parte delas começa, agora, a caminhar para a chegada da terceira geração, o que muda a preocupação com estruturas de controle. “Aquela imagem de empresa misturando-se com a vida particular do acionista não reflete mais a realidade. Hoje em dia, ter uma estrutura de governança é uma necessidade para sobreviver no mundo dos negócios”, aponta Fabíola Cammarota de Abreu, sócia do escritório Souza, Cescon, Barrieu & Flesch Advogados. À pesquisa, 85% dos entrevistados responderam que separar interesses familiares e negócios é muito importante.

De acordo com Sidney Ito, da KPMG, o mercado nacional está habituado a ver empresas familiares. “Das companhias abertas brasileiras, mais ou menos 70% são familiares, como o Itaú e a Votorantim.” Para que esses negócios prosperem, no entanto, o especialista defende que sejam criados mecanismos de proteção aos minoritários. “Existem regras de governança que apontam que o conselho de administração deve ter membros independentes e outras que exigem a divulgação de todas as transações da empresa que envolvam a família”, exemplifica Ito. 

Planejamento patrimonial. De olho em sua linha de sucessão, muitos executivos têm procurado planejar a gestão do seu patrimônio antecipando a transferência de seus bens. “É a visão do empresário sobre como seus negócios serão geridos no futuro. Que herdeiro fará o quê”, observa o advogado José Maurício Abreu, sócio da área tributária do escritório Miguel Neto Advogados. 

Para a advogada Fabíola Cammarota de Abreu, o que se espera é que essa transição consiga conter uma mudança brusca nos negócios da empresa. “Busca-se uma estrutura eficaz do ponto de vista fiscal, bem como evitar discussões entre herdeiros que coloquem em risco o valor da empresa.”

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