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China desiste de compra de ações em larga escala para sustentar bolsas, afirma 'Financial Times'

País vai intensificar os esforços para localizar os suspeitos de 'desestabilizarem o mercado'; 200 pessoas foram punidas por disseminarem rumores na internet

Por Sergio Caldas
Atualização:

O governo da China decidiu abandonar a estratégia de sustentar as bolsas locais por meio de compras de ações em larga escala e, em vez disso, vai intensificar os esforços para localizar e punir os suspeitos de "desestabilizarem o mercado", informou o jornal britânico Financial Times em sua página na internet, citando autoridades seniores de Pequim.

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Nos dois últimos meses, fundos de investimento estatais e instituições gastaram cerca de US$ 200 bilhões numa tentativa de dar suporte ao mercado chinês, que ainda permanece 37% abaixo do pico registrado em meados de junho, segundo o FT.

Líderes chineses acreditam que conduziram mal os esforços de resgate do mercado acionário, ao permitirem que muitas informações se tornassem públicas, de acordo com autoridades regulatórias que falaram durante reunião na última quinta-feira - relato ao qual o FT teve acesso.

A drástica queda vista nas bolsas chinesas no começo da semana passada foi parcialmente atribuída à aparente decisão de Pequim de recuar das compras de ações que vinha fazendo desde o início de julho.

Punição. Autoridades da China disseram que puniram quase 200 pessoas por disseminarem rumores na internet relacionados a importantes eventos recentes do país, em mais uma ação oficial sobre declarações politicamente sensíveis. As pessoas foram punidas por disseminar rumores falsos relativos a eventos como a recente turbulência nos mercados de ações e as explosões ocorridas neste mês na cidade portuária de Tianjin, informou o Ministério da Segurança Pública no domingo.

Nos dois últimos meses, fundos de investimento estatais e instituições gastaram cerca de US$ 200 bilhões numa tentativa de dar suporte ao mercado chinês Foto: Mark Schiefelbein/AP

O ministério disse que os acusados demonstraram arrependimento pro suas ações. Em nota separada na segunda-feira, a agência estatal Xinhua afirmou que autoridades detiveram um jornalista de uma revista de notícias financeiras chinesa por supostamente forjar e disseminar informações falsas relacionadas à negociação de ações e futuros no país. O repórter Wang Xiaolu, da revista Caijing, foi detido no domingo após supostamente confessar que colaborava com outras pessoas para fabricar informações, segundo a Xinhua.

Wang não pôde ser contatado para comentar o assunto e não estava claro se ele já tinha um advogado. Os editores da Caijing não puderam ser localizados.

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O governo enfrenta intenso escrutínio público na China sobre o gerenciamento da desaceleração econômica e das turbulências nos mercados, bem como o descontentamento público por causa das explosões de um depósito de produtos químicos perigosos em Tianjin.

Em seu comunicado, o Ministério da Segurança Pública não identificou a maior parte dos 197 supostos acusados, dando apenas os primeiros nomes de alguns deles. O comunicado citou três pessoas, identificados apenas pelos primeiros nomes, dizendo que se arrependiam por disseminar informações falsas. Não foram divulgados detalhes sobre acusações individuais e eventuais punições, com exceção da informação de que 165 sites e contas na internet foram fechados.

Entre os falsos rumores, segundo as autoridades, estava o de que um homem se suicidou por causa da queda acentuada nos mercados de ações de Pequim. Também foi divulgado que pelo menos 1.300 pessoas teriam morrido nas explosões de Tianjin, bem menos que o número oficial de 145, e também sobre as comemorações na China do 70º aniversário do fim da Segunda Guerra.

As autoridades da China têm reforçado o controle da internet nos últimos meses, o que gera insegurança entre os investidores e as empresas do setor de tecnologia. Em julho, o Legislativo do país aprovou uma nova lei de segurança garantindo que a soberania do país vale também para o espaço virtual, antes da divulgação de outra lei com controles mais rígidos sobre a internet doméstica.

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