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Cidade vizinha atrai com preço mais baixo

Moradores que mostram interesse em se mudar da capital são aposta de incorporadoras para ampliar atuação na região metropolitana

Por Ivan Martinez
Atualização:

SÃO PAULO - Joelson Camargo mora na Vila Gustavo, zona norte de São Paulo, mas diz que seus dias na capital paulista estão contados. Funcionário público, e decidiu comprar um apartamento e realizar o sonho da casa própria.

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Como o bairro onde vive hoje apresenta preços "muito caros, completamente fora da realidade", Camargo resolveu seguir o conselho de dois amigos e visitou um lançamento da incorporadora MRV em Guarulhos, município da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).

Camargo se apaixonou pelo imóvel e ficou satisfeito com as condições de pagamento. Após dar algumas voltas pelo novo bairro, assinou o contrato do financiamento. Vai morar com a mulher e duas filhas a 20 quilômetros capital, em um apartamento de dois quartos, com 47m², que deve ficar pronta em junho de 2015. "Estou pagando R$ 200 mil. Se comprasse um igual no meu bairro atual sairia por ao menos R$ 300 mil", diz.

Casos como o dele são a aposta das incorporadoras com atuação na região metropolitana para tentar reaquecer o mercado, que vive um momento de acomodação. De acordo com dados da Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio (Embraesp), foram lançadas na RMSP (exceto a capital) 2.092 mil unidades no primeiro trimestre deste ano, uma queda de 26% em relação às 2.827 no mesmo período de 2013.

O vice-presidente de incorporação e terrenos urbanos do Sindicato da Habitação (Secovi) de São Paulo, Emilio Kallas, diz que o mercado de imóveis reflete a conjuntura econômica e o cenário político do País. Para os próximos meses, ele vislumbra melhora na Grande São Paulo, em parte por conta da perspectiva de aumento no preço dos imóveis da capital."O Plano Diretor de São Paulo deve aumentar ainda mais os custos das incorporadoras, fazendo com que elas se voltem a outras regiões para o lançamento de empreendimentos", diz.

O presidente da Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradores do Grande ABC (ACIGABC), Milton Bigucci, ressalta que o menor preço da região é um dos atrativos. "Temos preços de imóveis entre 20% e 25% mais baixos que os da capital", afirma. "A faixa varia entre R$ 5 mil e R$ 6 mil o metro quadrado, ultrapassando um pouco esse valor em São Caetano do Sul."

Bigucci destaca que os lançamentos na região do ABC são voltados principalmente ao usuário final. "Mesmo no boom imobiliário da Grande São Paulo, os investidores chegaram a responder, no máximo, por 10% das vendas."

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Mais vendas. Para Marcelo Bonanata, diretor de vendas da incorporadora Helbor, presente em 31 cidades e cujo maior foco de atuação é a região de Mogi das Cruzes, o primeiro trimestre nem de longe poderia ser classificado como fraco. "O final do ano passado concentrou os lançamentos, como tem acontecido nos últimos anos por uma demora na aprovação dos projetos por parte do poder público", afirma. "No primeiro trimestre deste ano, tivemos um aumento de vendas de 43%, comparando com o mesmo período de 2013."

Bonanata ressalta que o preço no metro quadrado é bem inferior ao de São Paulo, mas não é o único atrativo. Para ele, os valores das unidades e o padrão de qualidade de vida oferecidos pelas cidades da região, aliados à proximidade com a capital, atraem cada vez mais gente que não pode pagar os preços cobrados em São Paulo.

Aliás, atrair consumidores de São Paulo com base no preço dos imóveis não é novidade. Foi para aproveitar esse fato que a enfermeira Rosângela Jerônimo, de 49 anos, e seu marido se mudaram para a vizinha Diadema em 1988.

O casal sempre trabalhou na capital, mas acredita ser mais vantajoso morar na cidade ao lado. "Tudo em São Paulo é mais caro", avalia Rosângela. "Resolvi me mudar para cá porque aqui poderia ter um apartamento maior e fazer compras sem o movimento que existe no centro de São Paulo."

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Em Diadema, ela e o marido viram crescer a renda e a família. Com três filhos, eles decidiram investir, em 2011, em um novo apartamento. E nem cogitaram mudar da cidade: escolheram o Vitta Park, empreendimento da Helbor.

No início do mês, a família se mudou para um apartamento de 113 m² e quatro dormitórios, no bairro Vila Conceição. No total, estão desembolsando R$ 480 mil no imóvel.

"Estamos curtindo a casa nova. É um apartamento maior do que eu poderia ter na capital e tem localização muito boa, perto de shopping e a cinco minutos a pé de terminal de ônibus com linhas para a capital", afirma Rosângela, empolgada.

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