Entidades da indústria e do comércio reagiram à decisão do Banco Central de interromper o ciclo da alta dos juros. Apesar de considerar acertada a decisão do BC de manter o patamar dos juros, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou que o elevado nível da Selic - mantida em 14,25% ao ano - "contribui para a deterioração da atividade econômica, com impacto no mercado de trabalho e na renda das famílias, afetando a dinâmica futura da inflação".
Em nota, a CNI apontou que, para superar a crise econômica, o País precisa de uma política fiscal "assertiva e de uma agenda pró-competitividade". "As dificuldades recentes no campo fiscal, com reduções sucessivas da meta fiscal, e tentativas frustradas de corte de gastos, causam desapontamento nos agentes e mitigam a credibilidade da política econômica, tornando, assim, o ajuste mais longo e mais custoso."
Na avaliação da entidade, o setor produtivo carece de "medidas estruturais que sejam implementadas com clareza e celeridade para permitir a recuperação da confiança dos agentes".
ACSP. O presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), Alencar Burti, avaliou, em nota, que a decisão do BC de manter a Selic inalterada era esperada, "tendo em vista a recessão que afeta a economia brasileira - e que vem se agravando rapidamente, em virtude da incerteza no tocante ao ajuste fiscal".
"Entendemos que a política de aumentar juros para conter a inflação já superou o limite do razoável e que, agora, o BC precisa começar, o mais rapidamente possível, a reduzir a taxa Selic", disse Burti. "E o governo precisa demonstrar claramente que está cortando despesas de custeio e não investimentos.
Fecomércio-RJ. Em nota, a Federação do Comério do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ) também afirma que a redução da taxa de juros é necessária para o país voltar a crescer. "Em lugar de aumentar impostos e juros, está na hora de o governo assumir sua competência e fazer o dever de casa: comprometer-se com o gasto público responsável em meio a incertezas que rondam a economia, inclusive quanto a seu desempenho nos próximos anos", informou a entidade em comunicado.
De acordo com a entidade, o "aumento continuado dos juros inibiu ainda mais o investimento e o consumo, além de ter pressionado as contas do governo, já deficitárias".