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Com estoques em alta, lançamentos de imóveis novos devem cair 10% em São Paulo

Segundo o Secovi-SP, incorporadoras vão dar prioridade à venda de unidades prontas neste ano, sem reduzir preços

Por Thiago Moreno e Naiana Oscar
Atualização:

O volume de imóveis residenciais novos no mercado paulistano vai encolher ainda mais em 2015. De acordo com as previsões do Secovi-SP, sindicato da habitação, o número de lançamentos tende a cair 10% na comparação com 2014, ano que já foi de retração no setor, com queda de 7%. Se a previsão se confirmar, serão colocados 28,5 mil imóveis novos no mercado - volume semelhante ao de 2012, quando as incorporadoras entraram em crise e registraram prejuízos bilionários, sendo obrigadas a diminuir de tamanho. Desta vez, segundo o presidente do sindicato, Cláudio Bernardes, o motivo está menos relacionado a uma estratégia das companhias de encolher a operação e mais com a conjuntura econômica, que aumentou a incerteza do consumidor e fez as vendas caírem 35% no ano passado. "A demanda continua existindo, mas o brasileiro não quer comprar", diz. O resultado são estoques em níveis recordes, que serão prioridade na estratégia de comercialização das incorporadoras daqui pra frente. Os imóveis prontos que não foram vendidos chegaram à marca de 27,3 mil ao fim de 2014 - a mais alta da década. Esse cenário, no entanto, não deve ter como consequência uma queda no preço dos imóveis já que, segundo Bernardes, as empresas não têm espaço para diminuir seus custos, principalmente por causa das novas regras impostas pelo Plano Diretor de São Paulo. No ano passado, o aumento real dos valores foi de 0,4%. "Isso indica um patamar de estabilidade de preços, que deve se manter." Para as vendas, em 2015, o Secovi-SP projeta dois possíveis cenários, que variam entre uma queda de 10% a uma alta de 10%. Com isso, a previsão é de que sejam comercializadas entre 19,5 mil unidades e 23,7 mil unidades. Divisor de águas. As previsões para este ano também colocaram os lançamentos imobiliários num patamar muito próximo do que se via no mercado antes de 2007, ano que é considerado um divisor de águas no setor por causa da onda de aberturas de capital que levou uma dezena de incorporadoras à Bolsa e encheu o caixa delas de dinheiro. Em 2006, as empresas tinham lançado 25,6 mil imóveis na capital paulista e, no ano seguinte, já sob a pressão dos investidores para crescer, elas fizeram esse número saltar para 38,9 mil. "De fato, o nível de lançamentos voltou ao que era lá atrás, mas como resultado de um cenário difícil. Nunca vi um início de governo federal tão desacreditado", disse o presidente do sindicato. Segundo ele, a queda só não foi maior no ano passado pelo desempenho observado nos últimos dois meses de 2014, quando os lançamentos responderam sozinhos por mais de um terço do total lançado durante todo o ano. Só a Cyrela, maior incorporadora do País, lançou entre novembro e dezembro seis empreendimentos, voltado para o mercado de alto padrão e de luxo. As vendas, por sua vez, despencaram 35,2% no ano passado, para 21,6 mil unidades, abaixo de projeção da entidade que era de 24 mil no ano.

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