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Com julgamento de Lula e Previdência, bolsa adota cautela e permanece em 80 mil pontos

Dólar acompanhou a tendência global e fechou em leve baixa ante o real, retornando ao patamar de R$ 3,20

Por Simone Cavalcanti
Atualização:

Um dia após galgar novo patamar histórico e chegar aos 81 mil pontos, o Ibovespa teve um dia de realização de ganhos e voltou operar na marca dos 80 mil pontos nesta quinta-feira, 18. O movimento do índice à vista da Bolsa brasileira foi em linha com seus pares em Nova York, que abriram a sessão e se mantiveram em baixa na maior parte do pregão, tendo como um dos motivos a hipótese de paralisação dos Estados Unidos, a partir de sábado, 20, se não houver acordo entre democratas e republicanos. 

O giro financeiro do mercado ficou em R$ 9,5 bilhões, acima da média dos últimos 21 dias. Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

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O Ibovespa fechou a sessão de negócios em queda de 0,28%, aos 80.962,64 pontos. O giro financeiro ficou em R$ 9,5 bilhões, acima da média dos últimos 21 dias. O dólar acompanhou a tendência global e fechou em leve baixa ante o real, retornando ao patamar de R$ 3,20. 

Segundo analistas, dois motivos deram o tom de cautela aos investidores que acentuaram a atuação na ponta de venda: a proximidade do julgamento pelo Tribunal Regional Federal (TRF-4) do recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo TR, marcado para a próxima terça-feira, 23, e o aumento das incertezas sobre o adiamento da votação da Reforma da Previdência, que estava marcada para ocorrer em fevereiro próximo.

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"Com uma agenda doméstica vazia, não há notícia mais forte que justifique o movimento de realização, a não ser a apreensão de investidores com proximidade do julgamento e de como ficará a cena política na semana que vem", ressaltou Mario Mariante, estrategista-chefe para renda variável Planner Corretora. 

Segundo ele, as perspectivas para a safra de balanços das empresas segue muito favorável, de bons resultados no ano, mas o noticiário político começa a trazer preocupação aos investidores. 

Além disso, Filipe Villegas, analista da Genial Investimentos, afirma que uma possível suspensão das discussões para a aprovação da Reforma da Previdência segue no radar. "O sentimento de cautela pode dar gancho para que a realização de lucros continue."

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De acordo com um relatório divulgado pelo BNP Paribas, o cenário mais provável para o julgamento da ação contra o ex-presidente Lula é a sua condenação pelos votos dos três juízes que vão analisar o caso. O banco acha este cenário provável, enquanto vê chance menos provável da condenação por dois votos e improvável Lula ser absolvido. No caso de um placar 3x0 na semana que vem, o economista do banco, Gustavo Arruda, destaca que o petista pode não conseguir se candidatar para concorrer nas eleições presidenciais, mesmo se apelar a cortes superiores.

"O ex-presidente também tem opções limitadas para adiar a eficácia do julgamento", escreve o economista no relatório, ressaltando que a defesa de Lula pode pedir esclarecimentos sobre a decisão, mas este processo dura apenas cerca de 20 dias.

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O Ibovespa iniciou o pregão rondando a estabilidade e oscilava sem um norte definido, entre os terrenos negativo e positivo. Na parte da tarde, acentuou o ritmo de queda puxada pela desvalorização mais forte das ações da Petrobrás ON e PN -com queda de 0,15% e 0,76%, respectivamente - e a virada de todas as blue chips do setor financeiro para o vermelho, com destaque para o Banco do Brasil ON, que recuou 0,68%. A Vale e suas correlatas do setor de siderurgia também apresentaram recuo. 

"É uma realização natural em razão das altas que houve. O Ibovespa está em sintonia com Nova York e as blue chips recuam, mais ainda mantêm ganhos acumulados", afirma Ariosvaldo dos Santos, gerente da mesa de renda variável da H.Commcor.

Exterior. A hipótese de paralisação dos Estados Unidos também afetou o mercado. Nesta quinta-feira, o presidente americano, Donald Trump, acusou os democratas de impedirem a votação da extensão do teto da dívida e da continuidade do financiamento ao governo. O líder republicano no Senado, Mitch McConnell, estaria planejando deixar o governo paralisar a partir de sábado para pressionar a oposição democrata na Casa, segundo informações do site Politico. O atual limite da dívida expira amanhã às 23h59 (de Washington).

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