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Rebaixado pela S&P, Brasil se aproxima da Turquia

Agora no território especulativo, nota de crédito brasileira é a mesma de país que enfrenta conflito extremista

Por Mateus Fagundes
Atualização:

A retirada do grau de investimento do Brasil pela agência de classificação de risco Standard & Poor's coloca a nota do País em situação similar aos ratings da Turquia, que está envolvida em conflitos contra extremistas, e da Indonésia, que enfrentou distúrbios sociais internos durante o processo eleitoral de 2014.

Pela S&P, agora, a nota dos três países é a mesma: BB+. O grupo também tem a mesma avaliação pela Moody's (Baa3, um nível acima do grau especulativo).

Rebaixamento do Brasil pela S&P também iguala classificação do País à da Rússia Foto: Daniel Teixeira/Estadão

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A única agência em que há distorção é a Fitch. Para a empresa, a nota da Turquia e da Indonésia é BBB-, no último nível do grau de investimento. No caso do Brasil, o rating é BBB, dois níveis acima do grau especulativo.

Os três países fazem parte, ao lado de África do Sul e Índia, dos "cinco frágeis", termo cunhado pelo banco Morgan Stanley em meados de 2013 para economias emergentes fortemente dependentes de investimento estrangeiro para financiar seu crescimento.

África do Sul e Índia, no entanto, mantêm o grau de investimento por todas as agências. As notas são as mesmas pela S&P (BBB-) e pela Fitch (BBB). Pela Moody's, a nação africana tem rating Baa2 e a asiática, Baa3.

Em agosto deste ano, o banco JPMorgan fez a sua própria lista de cinco frágeis. A instituição retirou o Brasil e a Índia dessa classificação e adicionou a Colômbia e o México. Ainda assim, os dois países latino-americanos têm ratings superiores aos do Brasil, com grau de investimento por todas as agências.

O México, segunda maior economia da América Latina, tem rating BBB+ pela S&P e pela Fitch e A3 pela Moody's. Já a nota da Colômbia é BBB pela S&P e pela Fitch e Baa2 pela Moody's.

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O rebaixamento pela S&P igualou a nota do Brasil à da Rússia, cujo swap de default de crédito (CDS, na sigla em inglês) de cinco anos, uma espécie de seguro contra calote, chegou a ser negociado abaixo do brasileiro mesmo antes do downgrade. Isso significa que, mesmo quando o Brasil ainda tinha grau de investimento, os investidores já estavam exigindo um prêmio menor para manter títulos russos.

A Rússia ainda mantém grau de investimento pela Fitch, embora no último nível (BBB-). Pela Moody's, a nota russa é Ba1, o nível mais alto do grau especulativo. 

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