RIO –As revisões das variações do Produto Interno Bruto (PIB) anunciadas nesta sexta-feira, 1, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reduziram a magnitude da retração da economia nos 11 trimestres de recessão, de 8,6% para 8,2%. Mês passado, o IBGE já havia revisado a queda do PIB de 2015, de 3,8% para 3,5%. Agora, o desempenho da economia no ano passado foi revisto de uma queda de 3,6% para recuo de 3,5%.
Revisões como essa são normais nos órgãos de estatística em todo o mundo. As primeiras informações sobre o PIB são sempre preliminares. No caso do IBGE, as revisões são concentradas na divulgação do PIB do terceiro trimestre.
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A recessão iniciada no segundo trimestre de 2014 terminou no quarto trimestre de 2016, conforme o Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace), da Fundação Getulio Vargas (FGV), órgão independente criado para datar os períodos de avanço e retração na economia. Pelos dados preliminares, a retração ao longo dos 11 trimestres foi de 8,6%, acima dos 8,5% de queda na recessão de nove trimestres entre 1981 e 1983.
Polêmica. Com as revisões anunciadas ontem, a retração passou a 8,2%, abaixo da acumulada na recessão do início dos anos 1980. Para economista-chefe da LCA Consultores, Braulio Borges, isso reforça a visão de que não é consenso de que a recessão mais recente foi a pior da história. Segundo Borges, como naquelas épocas a população crescia mais, os efeitos da recessão foram mais sentidos pelas pessoas. Isso porque, se a população cresce mais, uma mesma queda de PIB resulta em mais desemprego.
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Para Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB da Fundação Getulio Vargas (FGV), as revisões não mudam a avaliação de que a recessão de 2014 a 2016 foi a pior da história. “Foi a recessão mais longa, a mais aguda, e a pior também em termos de perda de empregos.”