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Consórcio pode ser mais vantajoso do que financiamento imobiliário

Na ponta do lápis, comprar uma cota de consórcio pesa menos no bolso; há contras, porém, como não receber o bem imediatamente

Por Roberta Scrivano
Atualização:

Poupar para comprar à vista, financiar ou entrar em um consórcio. Qual das três opções é mais vantajosa financeiramente na hora de comprar um imóvel? Cálculo feito pelo Insper (ex-Ibmec São Paulo), a pedido do Estado, mostra que, depois de comprar à vista, o consórcio é a alternativa que pesa menos no bolso do consumidor. Mas também tem os seus contras, como o fato de o comprador ter de esperar o sorteio para ter o bem em mãos.

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O cálculo do Insper leva em conta a compra de um imóvel de R$ 500 mil. No banco, em que só é possível financiar até 80% do valor do imóvel, R$ 100 mil terão de ser reservados para a entrada. Os R$ 400 mil restantes serão divididos em 180 meses à taxa de 11,72% ao ano. Cada parcela custará R$ 4,58 mil.

Em um consórcio, também de R$ 400 mil, no qual R$ 100 mil sejam reservados para um lance ser contemplado, as 180 prestações seriam de R$ 4,172 mil. Nesse caso, o cálculo considerou taxa de administração de 0,1% ao mês e correção do valor depositado pelo INCC de 2011, de 0,68% ao mês.

Agora, supondo que os R$ 100 mil que seriam dados de entrada no financiamento ou de lance para ser contemplado no consórcio sejam colocados na poupança. Depois disso, que aplicações de R$ 4,58 (valor equivalente à prestação do financiamento) sejam colocados mensalmente também na caderneta. Depois de 64 meses, os R$ 500 mil serão atingidos. Se a poupança fosse remunerada com a mesma taxa que o banco cobra no financiamento, depois dos 64 meses o total acumulado seria de pouco mais de R$ 3 milhões.

Diante dos números, percebe-se que a recomendação - que chega a ser repetitiva - de poupar antes de comprar, ganha ainda mais força. Além disso, Angela Menezes, professora do Insper, salienta que, no cálculo, foi usada como alternativa de investimento a poupança, que tem uma das menores remunerações do mercado.

"Com uma aplicação inicial de R$ 100 mil é possível conseguir um bom fundo, que quase sempre tem rentabilidade melhor que a caderneta", comenta Angela. Ainda com base nos números, a professora comenta que financeiramente o consórcio é melhor alternativa que o financiamento.

Defasado. Outros especialistas em finanças ponderam, no entanto, alguns contras que o consórcio possui. Além de o consumidor não ter em mãos o bem assim que compra a cota, há o problema de a cota ter um valor predefinido, o que pode impossibilitar a compra do imóvel desejado diante da valorização imobiliária atual. Isso porque, se o interessado comprar hoje a cota do consórcio, mas só for sorteado daqui a dois ou três anos, o valor do consórcio pode ter ficado defasado diante preço da casa na hora da compra.

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Fábio Gallo, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) também questiona: "Qual a racionalidade de pagar para alguém guardar o seu dinheiro?". Para ele, se há a possibilidade de esperar para se ter um imóvel, é melhor que haja a disciplina de poupar o dinheiro e optar por comprar à vista.

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