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Construtoras refazem planos e vencem desafios

Projetos em segmento com o maior déficit habitacional, antecipar entregas e baixar os estoques são exemplos de medidas adotadas

Por Patrícia Büll
Atualização:
  Foto: JONNE RORIZ | AE

Com o foco em produtos do segmento econômico, a MRV Engenharia manteve “forte ritmo de vendas” apesar do cenário de retração, afirma o CEO da companhia mineira, Eduardo Fisher Teixeira de Souza. O desafio deste ano, segundo ele, ainda será enfrentar o cenário macroeconômico, embora o primeiro trimestre tenha trazido resultados bons.

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MRV Engenharia, Eztec e Cyrela Brazil Realty são empresas de capital aberto que figuram no ranking das dez principais construtoras premiadas com o Top Imobiliário. As três tiveram lucro no ano passado, mas nenhuma superou os resultados de 2014.

O lucro líquido da MRV foi de R$ 548 milhões, um recuo de 24%. Maior dispersão geográfica – presente em 19 Estados e 142 cidades – é apontada pelo CEO da companhia como um dos motivos para os resultados alcançados. Manter o foco no mercado de baixa renda, onde o déficit habitacional é maior, é outro.

“Nossa presença geográfica ajuda a absorver um mercado muito maior do que outras empresas, pois uma cidade menos dependente da indústria, por exemplo, compensa a desaceleração de outra, mais propensa aos efeitos da crise”, diz Souza.

A manutenção do programa Minha Casa Minha Vida no ano passado também ajudou. “A estratégia de focar na baixa renda vem de longo prazo, não nasceu com o programa federal”, afirma. Embora boa parte de negócios seja no MCMV, a construtora lança produtos fora dele. “Mas sempre destinados à baixa renda”, declara. “É onde está concentrado o maior déficit habitacional.”

A MRV teve expansão nas vendas, conseguiu recuperar as margens e teve geração de caixa melhor do que no ano anterior. “Conseguimos manter o ritmo de vendas forte, focando em famílias com o primeiro imóvel e casais jovens”, diz, referindo-se às pessoas que vão começar nova vida e têm acesso ao financiamento por meio do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), “que oferece taxas muito mais competitivas”.

De acordo com Souza, o imóvel é a principal compra na vida do público alvo da MRV. “Quando o consumidor se vê diante desse cenário de incerteza, tende a adiar a decisão de compra”, afirma. “Nosso setor é o primeiro a sofrer com o adiamento.”

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Terrenos. Pelo lado da operação, o executivo diz que é preciso equilibrar o banco de terrenos para não deixar de aproveitar determinado mercado que vai bem por não ter opções para a construção.

O CEO da MRV considera um sucesso o lançamento, em 2015, do Residencial Santa Tereza, em Guarulhos, com 960 apartamentos. Além de ter canteiro de obra sustentável, o condomínio, que será entregue em agosto deste ano, possui captação de água de chuva e medidor individual – medida que ajuda a reduzir o consumo de água do condomínio em até 40%.

Prazo. Concentrar esforços na entrega de empreendimentos no prazo, na venda de estoque e na manutenção de margens saudáveis foram as estratégias adotadas pela Eztec para driblar o cenário conturbado do mercado em 2015. Diminuir lançamentos – foram apenas três ante oito em 2014 – também fez parte do modelo de negócio.

A companhia alcançou, em 2015, lucro líquido de R$ 444 milhões, cifra que representa uma queda de 6% em relação a 2014. Ainda assim, um dos menores recuos do setor e considerado “espetacular” pelo diretor financeiro e de relações com investidores, Emílio Fugazza.

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“O ano passado foi o mais desafiador para o setor imobiliário desde a abertura de capital em 2007”, afirma. “Se levarmos em conta a rentabilidade da companhia, que figura entre as mais elevadas do setor, e a geração de caixa de R$ 438 milhões, podemos considerar os resultados espetaculares.”

Fugazza vê com otimismo as mudanças no cenário político e as perspectivas econômicas, acreditando na retomada de lançamentos. “Os projetos previstos possibilitarão o retorno dos investimentos em novos tipos de produtos e novos segmentos sociais”, diz.

Classe média. Quanto a 2017, Fugazza acredita que, se ao menos forem encaminhadas as reformas necessárias, a confiança do consumidor retornará de forma contundente, permitindo mais lançamentos endereçados à classe média.

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“Teremos então, condições de oferecer preços competitivos, desde que o sistema de crédito habitacional possa assegurar recursos ao financiamento dos mutuários”, declara.

Fugazza destaca que o desafio operacional, tanto neste ano quanto nos próximos, será diminuir o número de distratos (cancelamentos de venda). Ou seja, concentrar esforços na retenção de clientes, oferecendo soluções para os problemas que surgiram em razão de profunda alteração das condições socioeconômicas de todos os que adquiriram imóveis, como efeito da retração econômica.

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Com forte atuação na cidade de São Paulo e Região Metropolitana, a Eztec estendeu seus braços para Jundiaí, Santos e Campos do Jordão. Embora afirme ter capacidade de trabalhar em todos os segmentos econômicos, a companhia tem se concentrado em projetos para as classes média e alta.

Em 2015, o case de sucesso da Eztec foi um empreendimento comercial. Considerado o maior projeto da companhia, foi entregue a primeira de duas torres do complexo EZTowers. Com padrão triplo A, em 94 mil m² de área locável, na Chácara Santo Antônio, na capital, o projeto tem certificação Leed Gold, selo da construção civil que atesta liderança em energia e design ambiental.

“É gratificante ganhar esse prêmio tão relevante, que ratifica nossa história de mais de 50 anos e comprova eficiência do planejamento”Eric AlencarCFO DA CYRELA BRAZIL REALTY

“É referência do mercado e motivo de orgulho para os premiados. Coroa nosso trabalho e passa mensagem importante aos acionistas”Eduardo Fisher de SouzaCEO DA MRV

“É o reconhecimento para nosso modelo de negócio, que atende às demandas dos clientes e supera os desafios de mercado”Emilio FugazzaDIRETOR FINANCEIRO DA EZTEC

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