A paralisia do Minha Casa para as famílias mais pobres está obrigando as construtoras que se especializaram no programa a voltarem ao mercado de incorporação imobiliária.
No Maranhão, o programa de habitação popular já respondeu por até 90% do faturamento das construtoras. Hoje, essa parcela varia entre 10% e 20%, segundo Osvaldino Pinho, presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Maranhão (Adenima). “Os atrasos deixaram as empresas com um pé atrás em relação ao governo”, diz Pinho. As construtoras da faixa 1 do Minha Casa trabalhavam com a expectativa de pagamento pontual do governo federal de acordo com o andamento da construção. O atraso de até três meses para receber uma fatura inviabilizou a continuidade das obras já que as empresas operavam com pouco capital para fazer o pagamento aos fornecedores e funcionários. Sem o Minha Casa, não há outra alternativa a não ser voltar ao mercado e brigar com concorrentes de peso, como Gafisa, Cyrela e PDG.
Dono da Lastro, Pinho espera a volta dos pagamentos para retomar as obras do empreendimento que toca em Imperatriz junto com outras duas construtoras. Segundo o Ministério das Cidades, a retomada das obras das mais de 50,1 mil unidades habitacionais que estão paradas em todo o País deve levar um ano e custará R$ 1,2 bilhão aos cofres públicos.
Em São Luís, as obras de 3 mil unidades do Residencial Mato Grosso foram retomadas no início do mês. O conjunto ficou parado por nove meses e só estará concluído em julho de 2018. A notícia de que as empresas voltariam a contratar levou 800 homens para a frente do canteiro em busca de emprego. Eles foram dispensados pois, segundo engenheiro responsável, Arie Araújo, os 70 operários contratados eram suficientes para manter a construção.