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Conta de luz sobe no mínimo 12% no próximo ano

Já é certo que serão repassados para a tarifa os empréstimos que socorreram as distribuidoras e o reajuste da energia de Itaipu

Por Anne Warth e BRASÍLIA
Atualização:

A exemplo do que ocorreu este ano, os reajustes na conta de luz vão pesar no orçamento do consumidor brasileiro em 2015. As tarifas devem subir, no mínimo, 12% no ano que vem, segundo fontes consultadas pelo 'Broadcast', serviço de notícias em tempo real da 'Agência Estado'. Pelo menos dois fatores são praticamente certos e terão impacto elevado: os empréstimos bancários firmados para socorrer as distribuidoras e o forte aumento do preço da energia produzida pela usina hidrelétrica de Itaipu. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou ontem uma elevação de 46,14% na tarifa de Itaipu, administrada pela Eletrobrás. Cobrada em dólar, passará, a partir de 1.º de janeiro, de US$ 26,05 por kilowatt (kW) para US$ 38,07 por kW. De acordo com uma fonte do setor elétrico, o aumento terá peso de 4 pontos porcentuais nas contas dos consumidores das distribuidoras que atendem as Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, abastecidas pela usina. Essa projeção foi confirmada por uma fonte da Aneel. Outro impacto na tarifa, confirmado pela Aneel, é o dos financiamentos bancários que ajudaram as distribuidoras a arcar com despesas como a compra de energia no mercado de curto prazo. Foram R$ 17,8 bilhões, que começam a ser pagos no próximo ano, por meio de aumentos na conta de luz. Logo que a segunda parcela do empréstimo foi fechada, em agosto, o diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, previu um impacto de 8 pontos porcentuais por distribuidora a partir de 2015, a ser mantida por dois anos. A cobrança começa conforme o calendário de reajuste tarifário da Aneel para cada uma das 64 concessionárias. As primeiras a passar pelo processo, em fevereiro, são do grupo CPFL e atuam no interior de São Paulo. A projeção de aumento de 12% não considera outros itens que também oneram a conta de luz, como a remuneração dos investimentos das empresas e os encargos setoriais que bancam programas sociais do governo. Esse é outro item ainda indefinido e que deve ter forte influência na tarifa, a não ser que o Tesouro Nacional mantenha a prática de aportes elevados ao setor. Em 2013, eles somaram R$ 9,8 bilhões. Neste ano estão previstos R$ 10,5 bilhões.Itaipu. A questão de Itaipu preocupa o setor elétrico. Embora o aumento do preço da energia da usina tenha validade a partir de 1.º de janeiro, cada distribuidora tem um calendário próprio para o reajuste e só tem direito ao ressarcimento da despesa nessa data. Empresas com aniversário em novembro, como a Light, teriam de arcar com o gasto com caixa próprio por 11 meses, até que o custo fosse repassado à tarifa ao consumidor. Sem caixa para mais essa despesa, que somará quase R$ 4 bilhões no próximo ano, as distribuidoras pediram à Aneel que o aumento de Itaipu seja repassado apenas quando as tarifas também forem reajustadas. Outra possibilidade em estudo é o pedido de Revisão Tarifária Extraordinária (RTE), que poderia resultar em alta adicional na conta de luz já no início do ano para todas as distribuidoras.

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