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Contexto não indica parada da alta de juro, diz Torós

Por Fernando Travaglini
Atualização:

O sócio da Ibiúna Investimentos e ex-diretor de política monetária do Banco Central, Mário Torós, ponderou que o contexto doméstico não recomenda que o Banco Central interrompa o ciclo de alta de juros, devido às pressões inflacionárias. Mas, de outro lado, a conjuntura internacional, com queda da volatilidade e a volta da apreciação de moedas emergentes, permitiria ao BC interromper o ciclo de alta mesmo com a deterioração inflacionária.Ele pondera que o contexto doméstico "não recomenda" e "não indica uma eventual parada da alta de juros", diz. "Mesmo depois de subir a Selic 375 pontos-base, as expectativas de inflação só pioram, o que leva a supor que o BC está atrás da curva", diz."A inflação, por qualquer medida subjacente que se olhe, a conclusão é que há uma contínua deterioração dos preços e uma inflação inercializada à espera de que um novo choque a leve para outro patamar", disse durante evento do EMTA, na sede do HSBC, em São Paulo.De outro lado, segundo ele, houve uma razoável mudança na conjuntura internacional, com redução de volatilidade dos ativos lá fora, em meio a yields mais altos e sob a percepção de que a "tempestade perfeita" não ocorreu. O resultado é o espaço para operações de carry trade.Além disso, nos últimos 15 dias, os bancos centrais dos países emergentes começaram a falar de forma mais "soft" em sua comunicação, disse, citando África do Sul e Turquia, e isso "eventualmente pode estar acontecendo no Brasil", completa. "É nesse contexto que o BC está fazendo a ata. E (ele) talvez permita ao BC, de fato, parar, mesmo num contexto de aceleração inflacionária", pondera Torós. O ponto de apoio seria a valorização do real. "A apreciação das moedas, que ocorre não só no Brasil, pode ser, provavelmente, o único aliado neste momento que o BC tem para ajudar no combate à inflação."

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