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Crescimento do crédito brasileiro desacelera em junho e spreads sobem

Na comparação mensal, o estoque total de crédito subiu 0,9% em junho, chegando a R$ 2,830 trilhões, ou 56,3% do PIB

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Por Redação
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Em junho, a inadimplência no mercado de crédito brasileiro no segmento de recursos livres ficou em 4,8% Foto: Fábio Motta/Estadão

O mercado de crédito brasileiro marcou em junho o quinto mês seguido de desaceleração no crescimento, em meio às elevadas taxas de juros, ao mesmo tempo em que os spreads continuaram subindo.

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O estoque no crédito total registrou expansão de 11,8 por cento em 12 meses terminados em junho, menos do que a alta de 12,7 por cento vista em maio na mesma comparação, informou o Banco Central nesta terça-feira. O resultado de junho voltou aos patamares vistos em 2004.

Desde o início deste ano esse mercado tem perdido fôlego, quando crescia quase 15 por cento considerando 12 meses.

Na comparação mensal, o estoque total de crédito subiu 0,9 por cento em junho, chegando a 2,830 trilhões de reais, ou 56,3 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).

"O crédito segue mostrando moderação na comparação interanual", afirmou o chefe do departamento Econômico do BC, Tulio Maciel. "É o que se espera em período de ciclo de alta da política monetária", acrescentou.

Para este ano, o BC calcula que o mercado de crédito crescerá 12 por cento, abaixo dos 14,7 por cento vistos em 2013. Diante dessa perda de vigor, na semana passada a autoridade monetária anunciou medidas para estimular o mercado de crédito com potencial para injetar 45 bilhões de reais numa economia que não dá sinais de recuperação.

Para Maciel, essas medidas reduzem a possibilidade de novo corte na projeção de expansão do mercado de crédito neste ano.

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Spreads. Em junho, o spread bancário --diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa efetivamente cobrada pelos bancos-- ficou em 20,9 pontos percentuais no segmento de recursos livres, sexta alta seguida. No crédito total, incluindo também os recursos direcionados, o spread ficou em 12,7 pontos percentuais, 0,1 ponto percentual a menos do que o resultado de maio. "Os spreads têm volatilidade maior..., principalmente em modalidades em que taxas de juros são mais elevadas, como no cheque especial", afirmou Maciel. O BC informou ainda que a taxa média de juros no segmento de recursos livres fechou junho em 32,0 por cento, estável frente ao mês anterior. No crédito total, os juros ficaram em 21,1 por cento no mês passado, menor que os 21,4 por cento apurado no mês anterior. Em meados desse mês, o BC manteve a Selic em 11 por cento ao ano pela segunda vez seguida, após um ciclo de aperto monetário que durou um ano. E, na ata da reunião divulgada na última quinta-feira, deixou claro que a não vai reduzir a taxa básica de juros diante da inflação ainda elevada. Economistas consultados em pesquisa Focus pelo BC veem que a o IPCA fechará este ano a 6,41 por cento, perto do teto da meta do governo --de 4,5 por cento, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos-- e o PIB com crescimento de apenas 0,90 por cento, após expansão de 2,5 por cento em 2013. Em junho, a inadimplência no mercado de crédito brasileiro no segmento de recursos livres ficou em 4,8 por cento, menor em relação a maio, quando registrou 5,0 por cento. Considerando os recursos totais, os atrasos no pagamento diminuíram um pouco em junho, a 3 por cento, ante 3,1 por cento em maio.

(Por Luciana Otoni)

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