Criação de vagas formais é maior no interior do País
Em São Paulo, para cada vaga gerada na região metropolitana, cinco foram abertas nos municípios do interior do Estado
Por Fernando Nakagawa e Eduardo Rodrigues
Atualização:
BRASÍLIA - A corrida pela retomada do emprego no Brasil é liderada com folga pelas cidades do interior. Dados do Ministério do Trabalho mostram que 95,8% dos postos de trabalho gerados em abril, em nove dos maiores Estados brasileiros, vieram do interior. Em São Paulo, cada emprego criado na região metropolitana foi seguido por cinco vagas abertas no interior.
Somados, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo foram responsáveis pela criação líquida de 50,2 mil empregos no mês passado. Desses novos postos de trabalho, 48,1 mil foram no interior e só 2,1 mil vieram das regiões metropolitanas.
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Os dados do Ministério do Trabalho revelam que o motor interiorano tem força especialmente no Sudeste e Sul. Só no interior paulista foram registrados 24,9 mil novos empregos, número quase cinco vezes maior que os 5,2 mil postos abertos na região metropolitana. O mesmo fenômeno aconteceu de forma ainda mais intensa em outros locais. Para cada emprego aberto na Grande Belo Horizonte, o interior mineiro teve seis novas vagas. Até mesmo em Estados com perda de emprego, como o Rio de Janeiro, o interior aparece em situação melhor: enquanto o interior fluminense gerou 1,2 mil vagas, a cidade do Rio perdeu 3,8 mil empregos em abril.
Para o pesquisador da área de economia aplicada da Fundação Getúlio Vargas, Bruno Ottoni, os números mostram que o interior ganhou dinâmica própria e não fica mais a reboque da economia das capitais. “A economia brasileira tem apresentado essa saída das grandes cidades com redução da importância das capitais no crescimento do País”, diz.
Vítimas do desemprego
1 / 14Vítimas do desemprego
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Para o auxiliar contábil, deixar o antigo emprego não foi tão ruim. “A entrada nas estatísticas de desemprego acabou sendo uma chance de transformar u... Foto: HELVIO ROMERO/ESTADÃOMais
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O imigrante nigeriano viu o mercado de trabalho mudar após chegar ao Brasil, no início de 2014. “Lá, era motorista de caminhão, vim com a expectativa ... Foto: HELVIO ROMERO/ESTAD?OMais
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Karina perdeu o emprego cinco meses antes de se casar. Trabalhava havia três anos numa agência de promoção de eventos e ganhava R$ 2,5 mil. “Tudo mudo... Foto: HELVIO ROMERO/ESTADÃOMais
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Deise Araújo, 20
A estudante mudou-se de Salvador para São Paulo há menos de dois meses para tentar conseguir seu primeiro emprego com carteira assinada. “Lá estava be... Foto: HELVIO ROMERO/ESTADÃOMais
Leandro Teixeira, 45
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A cozinheira sente falta do refeitório da escola de ensino infantil onde trabalhou por oito meses. “Sinto muita saudade de poder cozinhar. Na minha pr... Foto: HELVIO ROMERO/ESTAD?OMais
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Ricardo Nicolau foi zagueiro da base do Palmeiras até o fim dos anos 1980, quando se lesionou e teve de virar vendedor. Ele trabalhou sem vínculo empr... Foto: HELVIO ROMERO/ESTAD?OMais
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É a primeira vez que o selecionador de sucatas teve de recorrer ao seguro-desemprego depois de mais de 19 anos na mesma empresa. “Por mais que se tenh... Foto: HELVIO ROMERO/ESTADÃOMais
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Quando viu o movimento da loja de materiais de construção despencar no último ano, o vendedor sabia que era uma questão de tempo até ser demitido. “Er... Foto: HELVIO ROMERO/ESTADÃOMais
Setores. Em abril, a geração de empregos foi observada em sete dos oito ramos da economia acompanhados pelo governo. O segmento de serviços liderou a abertura de vagas, com 24,7 mil novos empregos. Serviços médicos e odontológicos, transportes e comunicações e ensino foram os ramos que mais contrataram.
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Em seguida aparecem agropecuária (14,6 mil vagas), indústria de transformação (13,6 mil postos) e comércio (5,3 mil empregos). O único setor que fechou empregos foi a construção civil, com 1,7 mil demissões.