Com o aumento da quantidade média mensal de benefícios de 27,3 milhões em 2014 para 28,2 milhões neste ano, o crescimento do desequilíbrio do RGPS é inexorável. Ainda pior, só tenderá a crescer com o corte de vagas com carteira assinada, de 345 mil no primeiro semestre e de cerca de 602 mil em 12 meses, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, e a queda da renda real.
A evolução do salário mínimo, que é o que recebem cerca de dois terços dos segurados da Previdência, é uma das causas do desequilíbrio previdenciário, notou o secretário do Tesouro, Marcelo Saintive. O regime de aposentadorias se inclui entre os fatores de rigidez da despesa pública, dificultando o reequilíbrio das contas.
Entre os primeiros semestres de 2014 e 2015, o Tesouro aumentou em mais de 50% a compensação do RGPS – o montante transferido à Previdência para compensar as desonerações tributárias sobre a folha de pagamento. Mas, apesar do aumento, o valor parece ser insuficiente para cobrir o incentivo.
A inflação aparece com mais força nas contas previdenciárias, embora não tenha aumento real dos benefícios. O valor médio real pago pelo RGPS aos beneficiários foi de R$ 1.058,15 no primeiro semestre de 2014 e de R$ 1.057,95 no primeiro semestre deste ano. Ou seja: nem o fato de a alta das aposentadorias ser apenas nominal bastou para evitar o aumento do déficit.
Um indicador do grau de piora das contas previdenciárias está na previdência do setor urbano. O saldo primário do primeiro semestre de 2014 foi de R$ 15,1 bilhões, mas em igual período deste ano caiu para cerca da metade: R$ 7,9 bilhões.