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Crise da construção afeta mais as grandes empresas

Em janeiro, as sondagens da construção civil promovidas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) reforçaram os indicadores negativos do setor, mas apontaram com mais clareza a diferença entre o comportamento das grandes companhias, notadamente aquelas envolvidas em operações comprometedoras com a Petrobrás postas a nu pela Operação Lava Jato, e o das de pequeno porte, que aos poucos se preparam para ocupar o espaço perdido pelas grandes. Há, portanto, um leve sinal de oxigenação do segmento, ainda que analistas acreditem que uma recuperação consistente só virá no longo prazo – provavelmente em 2018.

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Por Redação
Atualização:

No segmento residencial, as pequenas empresas ganham com a execução de obras para os estratos de menor renda, com financiamento ainda disponível com recursos do FGTS, que subsidiam o programa de habitação social. É o contrário do que ocorre com as moradias destinadas à classe média: em 2014, as companhias abertas da construção tomaram empréstimos dos agentes do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), com recursos das cadernetas, de R$ 31,4 bilhões, reduzidos a R$ 20,8 bilhões em 2015.

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Segundo a FGV, o Índice de Confiança da Construção (ICST) caiu 0,7 ponto porcentual entre dezembro e janeiro, com forte recuo na carteira de contratos das empresas. Em 12 meses, a queda foi de 17,6% e o indicador é o menor da série histórica do ICST. Como os projetos de construção são de longo prazo, o impacto futuro da redução da carteira é expressivo, devendo afetar o emprego e a taxa de investimento fixo do País, para a qual a construção contribui expressivamente.

Até dezembro, na avaliação da CNI, os resultados revelam a melhora relativa da situação das pequenas empresas. Entre os principais problemas enfrentados pelas companhias, o maior é a redução da demanda interna, mencionada por 30,7% das empresas no terceiro trimestre de 2015 e por 35,3% no trimestre passado.

A falta de demanda torna-se aguda. Mas, na decomposição dos dados pelo porte das companhias, verifica-se que apenas 23,8% das pequenas consideraram a demanda insuficiente no último trimestre, porcentual que chega a 41,9% no caso das grandes. É um sinal que não deve ser ignorado, pois a melhora da posição relativa das pequenas companhias pode significar um indício promissor de revitalização da atividade, ainda que os maiores efeitos venham a longo prazo.