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Crise deve atrasar reformas em 'algumas semanas', diz Meirelles

Ministro da Fazenda afirmou que há consenso entre lideranças políticas de que as reformas que tramitam no Congresso devem avançar

Por Fernando Nakagawa
Atualização:

BRASÍLIA -A crise política deflagrada na semana passada pode atrasar a agenda econômica de reformas "em algumas semanas". A avaliação foi feita pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em teleconferência com investidores e clientes do banco JP Morgan. Na teleconferência em inglês, o ministro foi questionado se eventual atraso na tramitação das reformas no Congresso seria em "semanas ou meses". Ao investidor, Meirelles disse que "minha opinião é em termos de semanas".

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Durante a fala inicial, o ministro da Fazenda reconheceu que a crise política pode "mudar a programação da reforma da Previdência", mas Meirelles repetiu discurso já feito em outras ocasiões de que o importante é a aprovação do tema. "O ponto principal é que (a reforma) vai mostrar os resultados", disse, ao comentar que muita gente o questiona sobre eventual atraso de um ou dois meses. "Na verdade, o importante é a confiança de que será aprovado." 

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles Foto: EFE/Lenin Nolly

O ministro da Fazenda reafirmou a expectativa de que, a despeito da crise política, o Congresso aprovará a agenda de reformas estruturais. “Eu tenho falado com lideranças políticas e acho que há consenso de que a agenda legislativa vai avançar. No geral, entendo que a agenda de reformas é algo que está além do cenário político”, disse.

Aos investidores, o ministro citou como exemplo a aprovação na semana passada de medida para ajudar a situação financeira dos Estados. Para Meirelles, a aprovação sinaliza o comprometimento do Legislativo com a agenda econômica do governo. “O que estou dizendo é que a reforma da Previdência pode ter uma mudança na programação, mas o ponto básico é que isso vai mostrar resultados”, disse, ao reafirmar a expectativa de aprovação da agenda de reformas.

Durante a teleconferência, Meirelles defendeu que a experiência recente mostra que crises políticas têm impacto limitado na economia quando há comprometimento com a agenda. Em teleconferência com analistas e investidores internacionais, o ministro lembrou de experiências recentes, como em 2002 e 2005, quando a crise política gerou influência temporária, mas a manutenção das políticas recolocou a economia nos trilhos.

“Outro ponto que tenho de mencionar é a minha experiência com crises no Banco Central. Depois de um momento (da crise política), a economia mantém seu fluxo”, disse em teleconferência do banco JP Morgan, ao mencionar as crises de origem política em 2002 - eleição de Luiz Inácio Lula da Silva - e 2005 - mensalão.

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“Deixamos claro que a política econômica seria mantida e muito provavelmente qualquer mudança política não mudaria os fundamentos da economia”, disse Meirelles, que foi presidente do BC entre 2003 e 2010. Nessas duas ocasiões, lembrou, a economia retomou a trajetória em seguida.

Além da comparação com as duas crises recentes, o ministro mencionou que o atual momento do Brasil decorre de decisões econômicas tomadas desde 2011 “com afrouxamento fiscal e monetário que geraram a crise”. “Tivemos razões econômicas que tornaram a crise política mais aguda”, disse. 

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