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Crise europeia torna improvável fundo proposto pelo G-77, diz Dani Rodrik

Bloco, que reúne nações em desenvolvimento, propôs a criação de um fundo internacional de US$ 30 bilhões para financiar o desenvolvimento sustentável

Por Mariana Durão e da Agência Estado
Atualização:

A proposta do G-77, bloco que reúne nações em desenvolvimento, e da China de criação de um fundo internacional de US$ 30 bilhões para financiar o desenvolvimento sustentável dificilmente será concluída na Rio+20. A afirmação é do economista e professor de Harvard Dani Rodrik, para quem as dificuldades orçamentárias dos países da Europa impedirão que a ideia avance na conferência.

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"Acho que é uma ideia muito boa mas que na prática se tornou mais remota por conta da crise fiscal dos países avançados", disse Rodrik. Crítico assumido de políticas de cooperação internacional, ele lamentou a possível frustração do fundo por acreditar que o mecanismo é interessante no caso do financiamento de tecnologias verdes e modernização tecnológica de antigas fábricas. "Seria um cenário ganha-ganha para países ricos e pobres", afirmou o economista.

A norueguesa Gro Brundtland, criadora do conceito de desenvolvimento sustentável, alertou que na negociação em Copenhague, há três anos, uma proposta semelhante também não progrediu por conta da crise iniciada com a quebra do Lehman Brothers. Apesar disso, Gro disse estar mais otimista agora. "Creio que vá progredir no Brasil. Talvez não tanto quanto imaginamos, mas conseguiremos algo razoável", disse ela.

Em relação à discussão sobre o cálculo do chamado "PIB Verde", que contabilizaria os recursos do meio ambiente na produção de riqueza, a ex-premiê da Noruega se mostrou mais cética quanto a sua viabilidade. Ela lembrou que o tema vem sendo debatido desde 1987 quando ela chefiou a comissão que produziu o relatório "Nosso Futuro Comum".

"Tem sido muito difícil mesmo para países mais progressistas e que realmente vem tentando (adotar esse cálculo)", disse ela.

Hoje cerca de 20 países participam de uma publicação do Banco Mundial que desconta dados sobre a degradação ambiental do cálculo do crescimento econômico, lembrou Rodrik. Por esse cálculo a China teria crescido não 10%, mas 6% ao ano nos últimos 20 anos.

"Acho que haveria um grande avanço se mais países publicassem contas verdes. Mas isso não resolveria o problema da mudança de comportamento de famílias e empresas", ponderou o economista. Para Rodrik mesmo que legisladores de países como a China avaliem que vale a pena sacrificar o meio ambiente para, por exemplo, tirar parte de sua população da pobreza, deve estar apto a calcular os custos disso para as gerações futuras.

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