Caiu tanto o movimento que ele instalou três computadores com acesso à internet. Como não tem licença eitura para abrir uma lan house, não faz propaganda da novidade. Quando entra alguém na loja, Santos fica na expectativa: “Mas o que mais tem é gente para perguntar se estou contratando. Mal está dando para um”.
Tiago Almeida, de 30 anos, também está sofrendo com a crise. Há seis anos, deixou a oficina mecânica em que trabalhava e abriu um pet shop, também próximo ao condomínio. Costumava dar banho e fazer a tosa em 120 cães por mês, a preços que variavam de R$ 50 a R$ 70. O movimento caiu pela metade. “Quando chega a 70 cães eu até fico feliz. Aqui na zona oeste o pessoal cobra até R$ 100. Mesmo cobrando mais barato, não consigo clientes”, acredita Almeida, que cogita voltar a trabalhar como mecânico.
A perda de clientes sentida por Santos e Almeida se reflete no setor de serviços em todo o País. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a receita bruta de serviços subiu 2,1% em julho. Foi o pior resultado para o mês desde o início da série histórica, em julho. O IBGE também mostrou que o comércio varejista registrou queda de 1% em julho – o sexto mês seguido com resultado negativo.
Dono de uma franquia de picolés, Charles Souza, de 40 anos, viu na vizinhança mais pobre uma oportunidade. O forte no seu comércio é a revenda. “A verdade é que quando o desemprego aumenta, o pessoal corre para cá. É uma forma de garantir uma renda. Com esse calor, a venda é certa”. Souza tem uma queixa: a conta de luz. Com 36 freezers, chega a pagar R$ 4 mil mensais.