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Crise na Europa abre oportunidades para avanço das múltis brasileiras

 Endividados, governos e grupos privados europeus colocam ativos à venda, dando espaço para o crescimento de empresas brasileiras no continente

Por Daniela Milanese e da Agência Estado
Atualização:

Mergulhada na crise e com os governos altamente endividados, a Europa precisará vender ativos para colocar as contas em ordem, abrindo oportunidades de negócios para empresas brasileiras. O processo mais claro é o de Portugal, que aprovou recentemente o Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) para cortar seu déficit. O plano prevê a privatização de 17 empresas, incluindo o objetivo de vender fatias na Galp e na EDP.

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Esta semana, o governo da Grécia anunciou seu plano de privatização, prevendo levantar 1 bilhão ao ano nos próximos três anos com a venda de participações em ferrovias, cassinos e empresas de serviços, como correios e duas companhias de saneamento.Com mais oportunidades, a Europa roubou o lugar dos Estados Unidos e já é o segundo principal destino de empresas brasileiras em processo de internacionalização, segundo pesquisa da Fundação Dom Cabral. O principal destino ainda é a América Latina, por questões geográficas e culturais.

O professor e pesquisador do Núcleo de Negócios Internacionais da Fundação, Sherban Leonardo Cretoiu, afirma que a decisão de internacionalização é estratégica e tem pouco impacto de fatores conjunturais. Mas ressalta que o cenário de crise na Europa barateou o preço dos ativos e novos movimentos de aquisição podem ocorrer, principalmente por empresas que já estão em processo de expansão no exterior. "Quem não comprar e consolidar seu segmento corre o risco de virar alvo de outra empresa que esteja em processo de internacionalização."

A possível compra dos ativos europeus de gás da Shell pela Ultrapar mostrou que o velho continente continua no radar de companhias brasileiras. Além disso, a Suzano Papel e Celulose fez recentemente uma oferta para assumir o controle integral da empresa de biotecnologia Futuragene. Na semana passada, o frigorífico Marfrig anunciou a aquisição da O’Kane Poultry, produtora de carne de aves na Irlanda do Norte. Além disso, no início do ano, Camargo Corrêa e Votorantim compraram, em separado, ações que correspondem a mais de 50% da fabricante de cimentos portuguesa Cimpor.

Presença.

A pesquisa da Dom Cabral mostra que Marfrig, Aracruz, Andrade Gutierrez, Sabó, BRF - Brasil Foods e Embraer estão entre as empresas brasileiras com maior presença na Europa.

Na avaliação da advogada Vera Dantas, do escritório Noronha Advogados, em Londres, o processo de internacionalização das empresas brasileiras é irreversível. O próprio BNDES abriu escritório na capital inglesa, em novembro, para dar suporte a esse processo. O Banco do Brasil quer aumentar sua presença em outros mercados, incluindo Europa, de olho nesse processo de expansão ao exterior.

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A área financeira, aliás, é uma das que vêm mostrando o maior número de oportunidades. No Reino Unido, o governo teve de assumir, na crise, alguns bancos, como o Lloyds e o Royal Bank of Scotland. Agora, deve passá-los para a iniciativa privada. Conforme a imprensa britânica, algumas instituições querem vender suas áreas de private equity, que se tornaram menos atrativas com a nova regulação estabelecida recentemente pela UE.

Na Holanda, o ING, que também precisou de dinheiro público, colocou à venda todas as suas operações de seguro e previdência. Já o banco alemão WestLB pretende se desfazer da área imobiliária.

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