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Crise uruguaia é pior do que se imaginava; PIB deve cair 11%

Por Agencia Estado
Atualização:

A crise econômica do Uruguai é mais grave do que se imaginava até agora. Depois de ter previsto uma expansão de 1,75% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, incluída na carta de intenções assinada com o Fundo Monetário Internacional (FMI) no início do primeiro semestre, o governo do presidente Jorge Batlle estima agora que a economia do país em 2002 não só não crescerá essa exígua taxa, como encolherá 11%. Esse número, o dobro do que começou a ser estimado quando a crise uruguaia começou a se agravar por causa dos problemas na Argentina, foi incluído agora na nova carta de intenções acertada com o Fundo ao final do mês passado. A dura recessão que vem sendo enfrentada pelos uruguaios desde o quarto trimestre de 1998 é comparada apenas à crise do início dos anos 80, quando a economia do país encolheu 18,7%. Desde final de 1998, o PIB uruguaio já caiu 19,2%. A equipe econômica acredita que o PIB cairá 4,5%, com a qual seria o quinto ano consecutivo de queda. Mas não é só o PIB que deverá apresentar desempenho tão ruim este ano. O governo acredita também que a inflação, estimada anteriormente para subir 12% por causa da desvalorização do peso, deverá disparar para 40%. No ano passado, depois de a economia ter encolheu 3,1%, o custo de vida havia subido 3,59%. Já o déficit fiscal está previsto em 3,4% do PIB. Retração geral Com o encolhimento da economia, que só no primeiro trimestre foi de 10,1%, as importações em julho despencaram 40,1%, em comparação com o mesmo período do ano passado. De acordo com o Banco central do Uruguai (BCU), a forte retração na compra de bens do Exterior se deve não apenas à queda da atividade econômica e do consumo interno, mas também à desvalorização da moeda, que passou de 14 pesos por dólar, no início do ano, para 28 pesos atualmente. Ainda segundo dados do BCU, as importações em julho somaram US$ 147,93 milhões. No acumulado até o mês passado, as compras no Exterior atingiram US$ 1,27 bilhão, ou 30,3% menos do que no mesmo período do ano passado. As importações uruguaias dos países do Mercosul (Brasil, Argentina e Paraguai) no mês passado mostram uma queda de 44,11%, e dos países do Nafta (Acordo de Livre Comércio das Américas, sigla em inglês) despencaram 45,14%. Detalhando melhor as importações, os números ainda são maiores e mais impressionantes. As compras de bens de consumo duráveis de outros países naquele mês caíram 67,88%, e as de não-duráveis, 52,8%. Já as importações de máquinas e equipamentos se retraíram no mesmo período 49,55% e as de bens intermediários, utilizados para a produção, 33,5%.

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