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De cada dez adultos do País, quatro estão com o nome sujo

Listas de inadimplentes ganharam 500 mil novos consumidores apenas em abril e se aproximam da marca de 60 milhões; brasileiro acumula dívidas com bancos e tem dificuldade para pagar até contas básicas, como de água e luz

Foto do author Francisco Carlos de Assis
Por Francisco Carlos de Assis (Broadcast)
Atualização:

SÃO PAULO - Só em abril os Serviços de Proteção ao Crédito receberam 500 mil novos consumidores devedores e negativados. O contingente de inadimplentes agora envolve 59,2 milhões em todo o País, segundo levantamento da SPC Brasil e Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Significa dizer que de cada dez adultos no País, quatro estão com seus nomes nas listas de inadimplentes e que 39,9% da população com idade entre 18 e 95 anos está com suas prestações em atraso e o CPF sujo.

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Dívidas com água e luz são as que mais crescem, mas pendências bancárias - que englobam atrasos no cartão de crédito, empréstimos, financiamentos e seguros - respondem pela maior parte dos compromissos atrasados, afirma a economista-chefe da SPC Brasil, Marcela Kawauti. O aumento nos registros de atrasos de pagamentos ocorreu nas quatro regiões analisadas pelo SPC Brasil e CNDL.

"Além das dificuldades para custear despesas básicas, o resultado também reflete a disposição crescente dessas concessionárias (de água e luz) em negativar os consumidores inadimplentes, como forma de acelerar o recebimento dos compromissos em atraso. Tem se tornado mais comum que essas empresas negativem o CPF do residente antes de realizar o corte no fornecimento", afirma Marcela. 

De acordo com o indicador das duas instituições, no último mês de abril frente a igual período do ano passado, houve um aumento de 5,8% no volume de brasileiros inadimplentes no consolidado das regiões Nordeste, Norte, Centro-Oeste e Sul. A variação porcentual da região Sudeste não é divulgada devido à entrada em vigor da Lei Estadual 16.569/2015, conhecida como 'Lei do AR', que dificulta a negativação de inadimplentes em São Paulo e, por isso, dificulta comparações.

Segundo o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, o aumento na quantidade de consumidores negativados reflete as dificuldades do atual cenário macroeconômico com piora dos índices de renda e aumento das demissões. "Ao longo dos últimos meses, o movimento da inadimplência tem sido influenciado pela contínua piora do cenário econômico, que corrói a renda das famílias, e pela maior restrição ao crédito", disse. 

Por um lado, continua Pinheiro, "a restrição limita o potencial de endividamento das pessoas, mas, por outro, a queda da renda impõe ao consumidor dificuldades para pagar dívidas e honrar seus compromissos financeiros", diz o presidente.

Regiões. Das quatro regiões contempladas pelo indicador, é no Nordeste onde o número de inadimplentes mais tem crescido, com alta de 7,64% em abril frente a igual mês do ano passado. Em seguida aparecem as regiões Norte (4,38%), Centro-oeste (4,26%) e Sul (4,15). 

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Com 5,4 milhões de nomes registrados nos cadastros de devedores, a região Norte apresenta, em termos proporcionais, o maior número de consumidores inadimplentes: 47,0% da população adulta da região está com o nome inscrito nos cadastros de devedores. 

O Centro-Oeste, que possui 4,9 milhões de pessoas com contas atrasadas tem a segunda maior proporção de inadimplentes frente sua população total: 43,7%. A região Nordeste com 15,7 milhões de negativados apresenta algo como 40% da população adulta e o Sul, com um total de 8,1 milhões de consumidores negativados, apresenta a menor proporção (36,8%) da população adulta. 

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