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Debate: A Grécia deve aceitar um novo plano de austeridade?

Gregos votarão contra ou a favor de um novo plano de austeridade neste domingo

Por ATENAS
Atualização:

NÃO

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Estado conversou com o estudante de Economia Grigorios Adamapoulos, de 26 anos, duas vezes na última semana. Na noite de segunda-feira, ele era um dos últimos manifestantes a se desmobilizar em uma grande manifestação pelo voto contrário às condições impostas pela União Europeia para renegociar a dívida e liberar mais ajuda financeira para a Grécia. Dentro de casa, ele vivia uma divisão: enquanto ele acreditava que era possível mandar um recado de insatisfação ao bloco econômico, seus pais achavam que era melhor garantir a ajuda da UE e votar “sim”. 

Na sexta-feira, Adamapoulos parecia ter conseguido “virar” a tendência dos pais. “Pode escrever: toda a família de Helen (mãe do estudante) vai votar ‘não’.” Tanto o estudante quanto seus amigos acreditam no discurso do governo de que uma vitória do “oxi” no plebiscito de hoje não deverá acarretar a saída da Grécia da União Europeia e a substituição do euro pelo antigo dracma. Ele deixa claro: “Nós não somos contra o euro nem contra a Europa, não importa o que digam”. 

Grigorios Adamapoulos (esquerda) diz que sua família vai votar "não" Foto: Fernando Scheller/Estadão

O estudante de Economia admite, no entanto, que a situação econômica grega é difícil e que está em busca de alternativas – uma delas pode ser usar o passaporte europeu para ir morar em outro lugar. “Pensei nisso, mas eu cheguei à conclusão de que ainda não é a hora para mim. Hoje, eu estou tentando encontrar um emprego. Meu país precisa de mim. Estou tentando me manter calmo e otimista.” 

SIM

O movimento “nai” (sim) no plebiscito de domingo tem o objetivo de assegurar que a Grécia não corra o risco de perder o status de membro da União Europeia. Depois da convocação do plebiscito relâmpago pelo primeiro-ministro Alexis Tsipras, pessoas sem nenhuma tradição de ir à rua protestar ou qualquer filiação política tiveram de se organizar rapidamente para defender seu ponto de vista. Entre esses “novatos” no corpo a corpo das ruas está Evgenies Denprinos, de 37 anos, que conseguiu quatro dias de folga do trabalho para se juntar à mobilização pelo voto no “sim”. 

O executivo Evegnies Denprinus entrega panfletos pelo "sim" em Atenas Foto: Fernando Scheller/Estadão

Executivo de uma empresa do setor de turismo, ele afirma que a Grécia pode ver o número de visitantes ao país despencar caso a instabilidade econômica e política continue a crescer.

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“Eu sei de uma coisa: as pessoas querem ir para lugares divertidos; hoje, a Grécia está deixando de ser divertida”, afirma. Denprinos trabalhou durante 12 anos em outros mercados europeus e diz que vê a situação econômica da Grécia piorar a cada dia. Para ele, aceitar as condições da União Europeia é a escolha “óbvia”. 

O executivo afirma que houve erros na condução das políticas de austeridade tanto do lado grego quanto do europeu. Mas o melhor agora é seguir adiante: “A gente precisa ter a consciência de que a União Europeia não é apenas a nossa chance de conseguir um melhor acordo (para a recuperação da economia). É a nossa única chance de termos qualquer acordo”.

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