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Déficit comercial do Brasil em janeiro é o maior da história

País somou exportações de US$ 16,027 bilhões e importações de US$ 20,084 bilhões no primeiro mês do ano, com US$ 4,057 bilhões de saldo negativo

Por Renata Veríssimo , Laís Alegretti e da Agência Estado
Atualização:

 

BRASÍLIA - A balança comercial brasileira encerrou janeiro com o maior déficit da história, de US$ 4,057 bilhões. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira, 3, pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). As exportações somaram US$ 16,027 bilhões e as importações atingiram US$ 20,084 bilhões. A série histórica do ministério tem início em 1994.

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A balança também teve resultado negativo na quinta semana de janeiro, no valor de US$ 406 milhões. O saldo negativo foi registrado com vendas externas de US$ 3,778 bilhões e importações de US$ 4,184 bilhões.

O secretário de Comércio Exterior do MDIC, Daniel Godinho, atribuiu à sazonalidade do mês de janeiro o resultado negativo da balança comercial no primeiro mês do ano. "Em todos os janeiros acontecem movimentos de menores exportações", disse, atribuindo o movimento à entressafra agrícola e às férias coletivas das empresas. "A menor atividade econômica impacta as exportações", explicou.

Do lado das importações, segundo o secretário, há aumento no mês de janeiro, ligado à reposição de estoques. "O resultado disso é que tradicionalmente há déficit nos meses de janeiro." O secretário comentou que a retomada do ciclo de investimento no Brasil impacta no aumento das importações. Ele argumentou que insumos e bens de capital, por exemplo, puxam o crescimento das importações.

Godinho também destacou a queda de 27,4% nas exportações de automóveis no mês passado. Segundo ele, a maior retração das vendas ocorreu para o México (88% menor que janeiro de 2013). Já as exportações de automóveis para a Argentina tiveram queda de 15%. Ele acredita que pode ter havido uma reprogramação dos embarques para o México.

Ele disse que também é cedo para avaliar se a retração das exportações de automóveis já reflete os problemas econômicos na Argentina. Par ao secretário, os dados de apenas um mês não podem ser usados para mostrar uma tendência. Godinho também evitou traçar um cenário para o comércio exterior brasileiro. "Temos de esperar mais um pouco", disse.

No mês passado, as exportações cresceram 17,4% para a Ásia, sendo que somente para a China o incremento foi de 27,7%. Para os Estados Unidos, a alta foi de 11,4%. Por outro lado, as vendas externas em janeiro caíram 6,2% para o Mercosul, sendo que a queda chegou a 13,7% para a Argentina. Já a retração das exportações do Brasil para a União Europeia foi de 5%.

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Expectativas. O primeiro resultado mensal da balança comercial brasileira em 2014 ficou dentro do intervalo das expectativas dos economistas do mercado financeiro consultados pela Agência Estado, que variam de um déficit de US$ 2,986 bilhões a US$ 5,000 bilhões para janeiro. O resultado ficou pouco abaixo da mediana de um saldo negativo de US$ 4,500 bilhões.

No mês passado, a média diária das exportações foi de US$ 728,5 milhões, 0,4% maior que no mesmo período de 2013. Os embarques de manufaturados caíram 2,6%, enquanto a retração nas vendas de semimanufaturados foi de 5,8%. Por outro lado, cresceram 5,3% as exportações de produtos básicos.

Nas importações, a média diária de janeiro de 2014 foi de US$ 912,9 milhões, recorde histórico para meses de janeiro e 0,4% acima da média de janeiro de 2013.

Importações. A importação de combustíveis e lubrificantes caiu 19,1% em janeiro, de acordo com o MDIC. Segundo o governo, a queda ocorreu devido à diminuição dos preços e das quantidades embarcadas de petróleo, gás natural, óleos combustíveis, gasolinas e naftas. Em janeiro do ano passado, entretanto, havia números de operações realizadas pela Petrobras no ano anterior e cujo registro ocorreu apenas em 2013.

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Já as importações de bens de consumo cresceram 8,8%. Segundo o MDIC, os principais aumentos ocorreram nas importações de máquinas de uso doméstico, móveis, vestuário, objetos de adorno, produtos alimentícios, automóveis de passageiros e bebidas e tabacos. A importação de bens de capital subiu 7,1% na comparação com janeiro do ano passado. O resultado se deve, de acordo com o governo, às compras de equipamento móvel de transporte e parte e peças para bens de capital para a indústria.

A alta de 3,2% na importação de matérias-primas e intermediários, por sua vez, é explicada pelo MDIC pelas aquisições de parte e peças de produtos intermediários, produtos minerais, acessórios de equipamento de transporte, matérias-primas para agricultura e produtos químicos/farmacêuticos.

Exportações. As exportações de produtos básicos cresceram 5,3% em janeiro em relação ao mesmo mês do ano passado, puxadas por petróleo em bruto, farelo de soja, bovinos vivos, carne bovina e minério de ferro. Por outro lado, nos manufaturados, a queda de 2,6% é explicada por redução nas vendas de açúcar refinado, etanol, automóveis de passageiros, autopeças e suco de laranja congelado.

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A retração de 5,8% dos semimanufaturados ocorreu, principalmente, por conta da diminuição das exportações de ferro fundido, ouro em forma semimanufaturada, alumínio em bruto, semimanufaturados de ferro e aço e açúcar em bruto.

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