Demanda por PDV em sindicato fica acima da expectativa

Gestora de RH, Maria Cristina Sodatti, de 63 anos, pretendia deixar entidade em dois anos, mas antecipou a decisão

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Por Douglas Gavras
3 min de leitura

A gestora de recursos humanos Maria Cristina Sodatti, de 63 anos, só planejava deixar o Sindicato dos Comerciários de São Paulo aos 65. No meio do ano, quando começou a surgir o boato de que a entidade faria o primeiro Plano de Demissão Voluntária (PDV) de sua história, ela se resignou. "Sabia que, sendo aposentada, se eu não me inscrevesse no PDV para sair há dois meses, seria demitida mais tarde. No fim, foi uma decisão mais lógica que difícil."

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No sindicato há 16 anos, Maria Cristina diz que sabia que a queda de receita de cerca de um terço com o fim do imposto sindical seria sentida. “Era uma entidade que sempre investiu muito em atendimentos médicos e odontológicos, em treinamento. Trabalhando no RH, eu tinha a vantagem de perceber que a redução seria muito grande. Pensei: vai chegar uma hora em que muitas das funções atuais não vão mais ser necessárias. A gente não poderia mais contratar nem investir tanto em treinamento e desenvolvimento, são processos que devem ser suspensos. Eu olhei aquilo e pensei: saio agora ou logo depois.”

Maria Cristina Sodatti, que entrou no PDV do Sindicato onde trabalhava e está desempregada Foto: JF DIORIO|ESTADÃO

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Demanda. O número de inscritos no plano de demissão do sindicato, 67, surpreendeu. “Teve gente que fez aposta, achavam que não iria ter nem dez inscritos, mas foi além das expectativas – o que não evitou a necessidade de novas demissões. Mas todo o processo foi bem transparente. Eles nos chamaram e expuseram tudo.”

Os funcionários não acreditavam que a situação dos sindicatos chegaria onde chegou após a reforma trabalhista entrar em vigor, conta. Acreditavam que haveria uma alternativa ao fim do imposto sindical ou que os cortes seriam graduais. A perda repentina de uma fatia tão grande da receita assustou. “Eu nunca apostei na alternativa de que o governo fosse cumprir a palavra às entidades sindicais e estudaria uma forma de financiamento.”

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“Eu acompanhava as conversas mais de perto e já estava ciente de que o sindicato teria de fazer uma redução grande de despesas. O tamanho do quadro de funcionários acaba entrando logo em discussão, porque um corte logo reduz a assistência médica, o vale-refeição, o transporte. O impacto é grande.”

Ela agora cursa a sua terceira graduação, em História, e pretende voltar ao mercado de trabalho. “Gostaria de trabalhar em uma startup, ter colegas mais jovens e com uma cabeça arejada. Ainda tenho algo a contribuir.”

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