O CDS caiu um pouco ao longo da semana, mas o risco continua alto por causa da crise chinesa - cujo governo injeta liquidez para atenuar o estouro da bolha acionária - e da fragilidade da economia brasileira.
O risco crescente afasta investidores dos mercados emergentes. Na semana passada, US$ 2,5 bilhões foram sacados de fundos de bônus de países emergentes, revelou um executivo da Aberdeen Asset Management citado pelo Estado.
O risco Brasil medido pelo CDS é bem mais alto do que o de países europeus, como Alemanha, França, Espanha e Portugal. Mas, na última quinta-feira, também superava o do México (229 pontos), Peru (230 pontos) e Colômbia (285 pontos), sendo mais próximo ao da Rússia e da Turquia. Na média, o risco dos emergentes, de 425 pontos em 27/8, só era maior que o do Brasil por causa da Argentina (599 pontos) e da Venezuela (2.956 pontos).
“Ficou claro que a desaceleração da China aumenta o mau humor em relação a todos os emergentes, e o Brasil, que tem a economia em recessão e a política fragilizada, vai ser visto com mais desconfiança ainda”, notou o economista José Julio Senna, do Ibre/FGV.
As más notícias andam juntas. A cotação do câmbio tende a variar na mesma direção dos prêmios de risco e ambos sofrem a influência do afrouxamento da política fiscal. A desvalorização do real empurra a inflação para um nível mais distante da meta (4,5%). Segundo o último boletim Focus, do Banco Central, a expectativa de inflação média para o ano que vem é de 5,52%.
A piora da classificação do Brasil pelas agências de rating também contribui para enfraquecer o real. Uma depreciação cambial superior a 10% foi constatada, após o anúncio da redução da meta de superávit primário de 1,1% do PIB para 0,15% do PIB em 2015. Na segunda-feira, cotado a R$ 3,59, o dólar alcançou o valor mais alto desde 2003. E oscilou muito nos últimos dias.
O CDS é um bom termômetro para comparar o risco Brasil com o dos demais países. E o sinal é negativo para o Brasil.