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Desemprego recua no trimestre, mas população subutilizada e desalentada é maior desde 2012

De acordo com o IBGE, taxa de desemprego atingiu 12,3% no trimestre encerrado em maio, mas número de pessoas que desistiram de buscar emprego ou não trabalham tanto quanto gostariam atinge recorde histórico

Foto do author João Ker
Por João Ker e Daniela Amorim (Broadcast)
Atualização:

A taxa de desemprego atingiu a marca de 12,3% no trimestre que se encerra em maio, como mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada na manhã desta sexta-feira, 28, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com os dados, são 13 milhões de brasileiros em busca de emprego.

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Comparada com o trimestre anterior, de dezembro de 2018 a fevereiro deste ano, a taxa de desemprego manteve-se estável, recuando apenas 0.1 ponto porcentual. Já na comparação com o mesmo período do último ano (12,7%), houve queda de 0.3 pontos porcentuais.

O resultado da taxa de desemprego reflete a mediana anunciada por analistas do Estadão/Broadcast, que previram taxa de 12,30%, variando entre 12,10% e 12,50%.

Crise no mercado de trabalho, com alto desemprego e subutilização da mão de obra, está generalizada em todo o País. Foto: Carl de Souza/AFP

No primeiro trimestre de 2019, o IBGE já havia registrado uma alta de 12,7%, o maior valor desde o primeiro trimestre de 2018. O porcentual de brasileiros desempregados vinha sofrendo uma queda ao longo de 2018 e, entre janeiro e março deste ano, atingiu o pico dos últimos 12 meses, com pelo menos 13,4 milhões de brasileiro em busca de emprego. 

O total de ocupados cresceu 2,6% no período de um ano, o equivalente à criação de 2,361 milhões de postos de trabalho.  No total, foram registrados 1,067 milhões de ocupados a mais no mercado de trabalho em apenas um trimestre, enquanto 70 mil pessoas deixaram o contingente de desempregados

"Desse um milhão (de ocupados a mais), cerca de 600 mil é aumento de população subocupada por insuficiência de horas. É como se eu não tivesse usando toda a capacidade que esse meu ocupado pode dedicar ao trabalho. As pessoas estão trabalhando sim, mas mais de 60% manifestam uma vontade de trabalhar mais para ter um rendimento maior. E essa demanda não está sendo atendida", explica  Adriana Beringuy, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.

A renda média real do trabalhador foi de R$ 2.289 no trimestre encerrado em maio. O resultado representa queda de 0,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. A massa de renda real habitual paga aos ocupados somou R$ 207,499 bilhões no trimestre até maio, alta de 2,4% ante igual período do ano anterior.

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"A despeito do crescimento da população ocupada, o rendimento caiu", ressaltou Adriana. "Pode ser ter mais pessoas trabalhando com salários mais baixos."

A indústria brasileira contratou 273 mil trabalhadores apenas neste trimestre. No mesmo período, houve contratações também nas atividades de outros serviços (+129 mil ocupados), agricultura (+185 mil), transporte (+81 mil), alojamento e alimentação (+9 mil), informação, comunicação e atividades financeiras (+121 mil), serviços domésticos (+39 mil) e administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (+452 mil). Paralelamente, houve demissões na construção (-75 mil) e no comércio (-127 mil). 

"É um movimento que ocorre nas prefeituras. O governo demite o pessoal no fim do ano, principalmente área da educação, e no ano seguinte começa a contratar novamente", explicou Adriana. 

A taxa de subocupação por insuficiência de horas trabalhadas ficou em 7,8% na nova pesquisa, ante 7,2% no trimestre até fevereiro. O indicador inclui as pessoas ocupadas com uma jornada inferior a 40 horas semanais, mas que gostariam de trabalhar por um período maior. Em todo o País, há um recorde de 7,226 milhões de trabalhadores nessa categoria.

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Recorde para buscas de emprego, desalentados, subutilizados e autônomos 

Enquanto a taxa de desocupação manteve-se estatisticamente estável em comparação com o trimestre, o porcentual da população subutilizada atingiu um recorde na série histórica, iniciada em 2012, com um total de 25,8 milhões de brasileiros nessa categoria. O número representa um aumento de 2,7% (244 mil pessoas) em relação ao trimestre anterior e 3,9% (mais 1.006 pessoas) comparado ao mesmo período de 2018.

Também faltou trabalho para um montante recorde de 28,524 milhões de pessoas no País, no trimestre encerrado em maio. A taxa composta de subutilização da força de trabalho aumentou de 24,6% no trimestre até fevereiro para 25,0% no trimestre até maio. O indicador inclui a taxa de desocupação, a taxa de subocupação por insuficiência de horas e a taxa da força de trabalho potencial, pessoas que não estão em busca de emprego, mas que estariam disponíveis para trabalhar. 

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Mutirão de emprego em São Paulo: País tem 13,3 milhões de pessoas desocupadas. Foto: Felipe Rau/Estadão - 26/3/2019

O número de pessoas desalentadas manteve o recorde do último trimestre, que também registra a maior taxa desde a criação da série histórica: 4,9 milhões de brasileiros, com porcentual de 4,4%. O resultado significa 93 mil desalentados a mais em relação ao trimestre encerrado em fevereiro. Em um ano, 175 mil pessoas a mais caíram no desalento.

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A população desalentada é definida como aquela que estava fora da força de trabalho por uma das seguintes razões: não conseguia trabalho, ou não tinha experiência, ou era muito jovem ou idosa, ou não encontrou trabalho na localidade - e que, se tivesse conseguido trabalho, estaria disponível para assumir a vaga. Os desalentados fazem parte da força de trabalho potencial.

Por fim, o número de trabalhadores por conta própria também atingiu recorde de 24 milhões de pessoas, aumentando nas duas comparações: 1,4% (mais 322 mil pessoas) frente ao trimestre anterior; e 5,1% (mais 1.170 mil pessoas) frente ao mesmo período de 2018.

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