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Desoneração da folha é 'uma droga de projeto', diz secretário

De acordo com Fabio Kanczuk, secretário da Fazenda, Bolsa Família é 12 vezes mais eficiente do que a desoneração da cesta básica para reduzir a desigualdade

Por Idiana Tomazelli
Atualização:

BRASÍLIA - A política de desoneração da folha de pagamento das empresas acabou sendo "uma droga de projeto" considerando o retorno para a economia, disse hoje o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Fabio Kanczuk. Ele ainda disse que o Bolsa Família é 12 vezes mais eficiente do que a desoneração da cesta básica para reduzir a desigualdade de renda, uma vez que preços menores em alimentos acabam beneficiando também pessoas mais ricas. O secretário apresentou métodos de cálculo dos retornos desses projetos e fez estimativas do retorno da política de desoneração da folha com base em dados de uma nota técnica da SPE de 2014. "Um benefício tem que se equilibrar no conceito de arrecadação futura", disse. Pelos resultados, a renúncia de R$ 20,5 bilhões em receitas acabou se revertendo em apenas R$ 3 bilhões em arrecadação. No PIB, o impacto foi de R$ 10 bilhões, ou seja, um multiplicador de 0,5.

Só a desoneração da folha de pagamentos custou aos cofres federais R$ 1,204 bilhão em setembro e R$ 10,864 bilhões no acumulado do ano. Foto: Marcos Santos/USP Imagens

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"Uma droga de projeto. Não tem muito papo, é ruim", disparou durante evento no Tribunal de Contas da União (TCU) que discute os subsídios. O governo já tenta reverter a desoneração da folha desde a gestão do ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy, sem muito sucesso.

Neste ano, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, enviou uma Medida Provisória (MP) para reonerar a folha de pagamento das empresas, mas o texto expirou antes de ser aprovado. Agora, o governo tenta passar um projeto de lei sobre o tema no Congresso Nacional.

Bolsa Família. No caso da desoneração da cesta básica, o governo estima uma renúncia de R$ 18,6 bilhões em 2016, e a política de fato melhora "um pouco" o índice de Gini, principal medida de desigualdade de renda no País. "Problema é conseguir fazer programa focalizado, que beneficie só o pobre, não o rico. É uma coisa inteligente, mas até certo ponto", disse Kanczuk, explicando que pessoas de maior renda também acaba sendo beneficiado pela medida. "Bolsa Família é bem melhor que desoneração da cesta básica", emendou o secretário, explicando que o Bolsa é 12 vezes mais eficiente do que a política de desoneração, segundo seus cálculos. Diante desses números sobre a eficiência das políticas, uma proposta típica seria o fim da desoneração da cesta básica e dobrar o Bolsa Família, disse o secretário.

+ Custo da desoneração da folha foi maior que o benefício esperado, diz Meirelles

Subsídios. Kanczuk também afirmou que o governo precisa tornar explícitos os custos e benefícios das políticas de subsídios. "Precisamos tentar tirar emoção do assunto e colocar números, é uma forma de medir as coisas. No fim, lógico que a sociedade vai tomar decisão política por meio do Congresso", disse. "Nosso papel é tornar explícito custos e benefícios. O objetivo é tornar a decisão política cada vez mais informada." Segundo o secretário, o mais típico que ocorre hoje é ter os custos das políticas de subsídios difusos pela sociedade, que não sabe o que está acontecendo e não se organiza politicamente, e benefícios concentrados em poucos que se organizam politicamente para pressionar pelos benefícios

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