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Diamante pode bater recorde

Peça, que pode alcançar mais de US$ 30 milhões, atrai interesse de milionários de países emergentes 

Por Jamil Chade e correspondente de O Estado de S.Paulo
Atualização:

Um dos maiores diamantes do mundo vai a leilão na semana que vem, com a estimativa de que seja vendido em um hotel de luxo de Genebra por mais de US$ 30 milhões, um recorde. Mas, nos corredores do local que se prepara para o evento, os organizadores do leilão admitem: há grandes chances de que o novo dono da peça venha de um país emergente.

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A Sotheby"s admite que o interesse que seu diamante rosa de 24,78 quilates está recebendo de potenciais compradores de países emergentes tem surpreendido. O preço mínimo esperado da venda é de US$ 27 milhões, o que por si só já bateria todos os recordes. O valor recorde para um diamante havia sido estabelecido em dezembro de 2008, quando uma pedra azul cinzenta acabou atingindo a marca de US$ 24,3 milhões. Nos últimos meses, as maiores casas de leilões do mundo passaram a focar suas energias para conquistar os novos consumidores, principalmente de China, Índia, Rússia e Brasil. "Onde houver novos milionários haverá novo interesse pelas joias e diamantes", afirmou ao Estado David Bennett, diretor da Sotheby"s e um dos leiloeiros mais conhecidos no mundo. Há um mês, a casa de leilões realizou exatamente em Hong Kong sua maior venda da história: US$ 54 milhões em apenas um leilão de joias. "Os novos consumidores virão dessas partes do mundo. Já os vendedores estão vindo da Europa, Japão e Estado Unidos", diz Bennett. "No fim de 2008, a crise gerou uma tensão em todos os segmentos e conosco a situação não foi diferente. As pessoas ficaram hesitantes sobre o que deveriam fazer. Mas, em 2009, vimos uma recuperação das atividades e, em 2010, essa tendência continuou em grande parte graças aos mercados emergentes." Para a tradicional casa de leilões, o mercado de joias, diamante e arte está se transformando num espelho das mudanças no mundo. "Estamos começando a ver a criação de um verdadeiro mercado global", afirma um relatório exclusivo obtido pelo Estado. Segundo o levantamento, os Estados Unidos continuam sendo o maior mercado mundial de diamantes e joias. Mas a China e a Índia já superaram Japão, Reino Unido e Itália.Novo mercado. O interesse pelos países emergentes entre as casas de leilão foi o que levou a Sotheby"s a criar um curso especial sobre esse novo mercado em seu instituto. A ideia é dar a especialistas do setor de artes e de joias uma introdução a pintores, artistas e designers da China, Coreia, Índia e Oriente Médio, além da própria economia e dos gostos dessas culturas. O mercado para arte contemporânea chinesa também está em explosão. Há poucas semanas, a Sotheby"s de Hong Kong vendeu pinturas de Fu Baoshi por US$ 52 milhões, sete vezes o que se esperava obter. Dos 270 lotes colocados à venda, apenas três não encontraram compradores. Todos os dez melhores produtos foram adquiridos por asiáticos. Mas não são apenas milionários que estão interessados nas artes e joias. Com dinheiro público, o Museu de Xangai comprou uma tela do artista Zhang Xiaogang por um preço recorde de 5 milhões. Naquela mesma noite, a casa de leilão havia vendido mais de 44 milhões em obras de arte asiáticas.

O interesse pelos emergentes tem sido tão explícito que a Sotheby"s já anunciou que começará a realizar leilões de vinhos na Ásia. O primeiro está programado para janeiro do ano que vem, quando se espera vender US$ 5 milhões em garrafas de vinho de uma coleção privada. 

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