A dois dias do início do julgamento do impeachment no Senado, a presidente afastada Dilma Rousseff fez duras críticas à política econômica do governo interino de Michel Temer, tendo como alvo principal a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que vincula o crescimento das despesas públicas à inflação do ano anterior, durante um período de 20 anos. "Alguém votou para que os gastos com Saúde e Educação fossem congelados por 20 anos? Não votamos", disse.
"Sobre essa PEC 241, que congela o valor real por 20 anos dos recursos de Educação e Saúde, a gente tem que considerar que nossa população é jovem, quanto mais ela crescer com os recursos congelados, diminui a participação per capita de cada brasileiro nos gastos com Educação e Saúde", afirmou a petista.
Dilma também disse que é preciso ter "muita preocupação" com a flexibilização das leis trabalhistas, citando como exemplo a questão das horas extras. "É a forma pela qual eles querem ampliar a jornada de hora extra sem pagar 50% e 100% que a lei prevê, respectivamente na semana e no mês", disse.
"Isso é o que eles chamam de medidas antipopulares", afirmou a presidente afastada. "Eles acreditam que vão sair da crise tendo uma posição contrária ao povo", emendou. Ela também criticou a proposta de desvincular o salário mínimo da Previdência e disse que o governo de Temer quer fazer uma "grande privatização das riquezas do País", mencionando os recursos do pré-sal. E questionou quem "vai pagar o pato". "Como pensam em sair da crise?"
Dilma participou nesta terça-feira, 23, de um ato promovido pela Frente Brasil Popular na Casa de Portugal, no bairro Liberdade, em São Paulo. O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, o ex-ministro do Trabalho Miguel Rossetto e o presidente nacional do PT, Rui Falcão, também participam do evento. Dilma estará em Brasília nesta quarta-feira para outro evento semelhante organizado pelo movimento.