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DIs curtos fecham em forte alta, com Selic maior e expectativa de mais aperto monetário

Por BRUNO FEDEROWSKI
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As taxas dos contratos de juros futuros curtos fecharam com forte alta nesta quinta-feira, após o Banco Central surpreender e elevar a Selic em 0,25 ponto percentual, a 11,25 por cento, enquanto os DIs longos recuaram, ajustando-se ao cenário de política monetária mais apertada no curto prazo. Especialistas entenderam que o movimento pode ser sinal de que a política econômica no segundo mandato da petista tende a ser diferente da feita até agora, muito criticada por causar inflação elevada e baixo crescimento. "O mercado está comprando a ideia de mudança na gestão, para uma administração mais amigável ao mercado", afirmou o sócio-gestor da Leme Investimentos, Paulo Petrassi. "Mostra uma preocupação com a inflação, que pode se refletir também em uma política fiscal mais apertada daqui para frente". O movimento desta sessão interrompeu o marasmo de meses da ponta curta da curva de DIs, uma vez que investidores vinham amplamente apostando que o próximo aperto monetário começaria apenas no ano que vem, somando 1 ponto percentual. Nesta sessão, essas expectativas foram ajustadas, com os juros futuros passando a embutir alta de 1,75 ponto da Selic ao todo. Trata-se da mesma indicação vista em alguns momentos deste mês, mas refletindo apostas de que o próximo presidente do Brasil seria Aécio Neves (PSDB), que prometia uma política econômica mais ortodoxa. Segundo analistas, o mercado deve ajustar essas novas expectativas à medida que o noticiário trouxer mais informações sobre como será a política econômica no próximo governo. No curto prazo, isso passa pela ata do Comitê de Política Monetária (Copom), na semana que vem, e pela nomeação do próximo ministro da Fazenda. O mercado também quer mais sinais de comprometimento com metas fiscais, num momento em que as contas públicas são criticadas por serem excessivamente expansionistas e pouco transparentes. "O governo deu boas sinalizações. Agora, o próximo passo é de fato entregar bons números", disse o economista da Lerosa Investimentos Fernando Mendes. Isso pode fazer com que a curva passe a indicar menos altas de juros, já que os níveis atuais são considerados excessivos por alguns analistas. Mas não que volte a indicar aperto monetário de 1 ponto percentual ao todo neste ano. Para Petrassi, da Leme, será de 1,50 ponto percentual ao todo. Já a baixa da ponta longa nesta sessão refletiu expectativas de que a política monetária mais rígida no curto prazo abra espaço para juros mais baixos no longo prazo. A taxa do contrato para janeiro de 2015 subiu 0,314 ponto percentual, a 11,257 por cento, maior nível de fechamento desde fevereiro. Já o juro do DI para janeiro de 2021 recuou 0,13 ponto. (Veja tabela)

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