PUBLICIDADE

Publicidade

'Discutimos política de preços com Petrobrás para não afetar consumidor', diz Meirelles

Comentário do ministro ocorreu após ser indagado sobre as constantes altas no preço do etanol nos postos atrelados aos seguidos aumentos da gasolina

Por e correspondente
Atualização:

RIBEIRÃO PRETO - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse há pouco, em entrevista à CBN Ribeirão, que o governo discute com a Petrobrás uma política de combustíveis "de maneira que um aumento de preços [do petróleo] no mercado internacional não venha a prejudicar o consumidor, em última análise, e, por outro lado, uma queda muito grande também não venha prejudicar, no caso, a própria Petrobrás".

O comentário do ministro ocorreu após ser indagado sobre as constantes altas no preço do etanol nos postos atrelados aos seguidos aumentos da gasolina, desde que a Petrobrás passou a adotar a nova política de ajustes diários do combustível fóssil.

Henrique Meirelles Foto: André Dusek/Estadão

PUBLICIDADE

Meirelles considerou essa questão como "relevante", defendeu também a revisão da remuneração do produtor de etanol, mas evitou dar detalhes sobre possíveis alterações nessas políticas de preços.

"O presidente Temer está trabalhando duramente e tão logo se tenha nova política de preços definida, nós vamos anunciar. Não gosto de falar de coisas que não estão definidas, por outro lado é importante que transmitamos certo nível de confiança ao público, para que ele saiba que tudo que está sendo anunciado será cumprido".

O ministro, no entanto, descartou o retorno da intervenção do governo nos combustíveis, ao ser confrontado também com a revisão recente na política de preços do gás de cozinha anunciado pela estatal, após a disparada nos preços do insumo. "Esse governo não faz controle artificial de preços. Isso foi uma política malsucedida no governo anterior que quase quebrou a Petrobras e prejudicou o governo e o setor produtivo como um todo. Isso não será feito", afirmou.

+ Para Parente, alto preço dos combustíveis não é culpa da Petrobrás

Na entrevista à retransmissora da CBN na cidade do interior paulista, Meirelles voltou a defender a política econômica adotada no período em que está no cargo, desde maio de 2016. Ele citou que, ao assumir, o Produto Interno Bruto (PIB) recuava 5% nos 12 meses anteriores e que a situação foi revertida, com a alta de 1% no ano passado e a expectativa de crescimento de 3% em 2018, com a criação de 2,5 milhões de empregos.

Publicidade

O ministro cobrou que a Reforma da Previdência seja votada assim que a intervenção federal no Rio de Janeiro terminar, ou seja, no início de 2019, com um novo governo. Ele atribuiu os rebaixamentos das agências de classificação de risco ao Brasil, incluindo o mais recente, da Fitch, à não aprovação da reforma previdenciária e afirmou que a adoção de minirreformas com projetos pontuais enviados ao Congresso não é uma solução para a retomada da credibilidade do País. Meirelles descartou novamente a pressão do governo em instituições financeiras para que reduzam juros ao consumidor, política, segundo ele, adotada sem sucesso no governo anterior. "Os juros ao consumidor vão seguir caindo desde que se mantenha essa política". Presidenciável, o ministro da Fazenda afirmou ser "pouco provável" que população brasileira "volte atrás" e escolha um candidato que defende uma "política que fracassou" e emendou: "se Brasil voltar a fazer políticas erradas, vai voltar a ter recessão de novo". O ministro, que anunciará se será ou não candidato entre o final de março e o começo de abril, prazo final para a desincompatibilização de cargos, disse discordar das propostas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a economia, como o engavetamento da reforma da Previdência e a reversão de outras reformas feitas no atual governo.

"Propostas que ele está fazendo (...) eu acho negativo e acredito Brasil iria sofrer muito com isso e, quem sabe, voltar, à recessão", explicou o ministro, que foi presidente do Banco Central nos oito anos do governo de Lula (2003-2010). "Quando trabalhei com ele no governo como presidente do Banco Central, concordamos que eu tivesse total autonomia e eu tive total autonomia. Funcionou muito bem e o resultado disso foi um crescimento forte do Brasil com inflação sob controle", concluiu. 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.