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Dívida externa deve superar reservas

Pela primeira vez desde 2007, montante devido pelo setor público e privado pode ser maior do que o valor das reservas internacionais

Por Luiz Guilherme Gerbelli
Atualização:

O avanço da dívida privada pode ser explicado em parte pelo fato de o custo de captação para as grandes empresas ser mais vantajoso no exterior em alguns casos. "Um outro aspecto importante é o acesso às linhas de mais longo prazo obtidas apenas no exterior", diz Otto Nogami, professor do Insper.Setor público. Já o aumento da dívida externa do setor público - embora tenha variado pouco - pode ser explicado pelos empréstimos tomados pelos governos em organismos multilaterais como Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para o financiamento de obras. Na avaliação de Nogami, o ajuste fiscal em andamento pode levar o setor público a buscar mais recursos nessas instituições. "Como a necessidade de obras de infraestrutura se tornam maiores, a tomada de recursos via esses organismos pode ser uma das únicas alternativas para os governos executarem os projetos", afirma. Para 2016, o Credit Suisse estima as reservas em US$ 372 bilhões, e a dívida externa, em US$ 393 bilhões, sendo US$ 100 bilhões do setor público e US$ 293 bilhões do setor privado.Confiança. Em anos anteriores, o Brasil conseguiu manter uma relação positiva entre as reservas internacionais e a dívida externa por causa da forte entrada recursos. Com a adoção do chamado tripé macroeconômico (câmbio flutuante, metas de inflação e superávit primário) no segundo governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e a manutenção dessa política na gestão Luiz Inácio Lula da Silva, a economia brasileira ganhou credibilidade e passou a atrair recursos para o investimento no mercado de ações, em títulos públicos e privados, além, evidentemente, da taxa de juros elevada, que atrai o investidor de fora. Essa confiança na economia brasileira ficou clara na disparada das reservas. Em 2002, por exemplo, elas somavam US$ 18 bilhões. Esse valor subiu para US$ 180 bilhões em 2007. Nos últimos anos, as reservas internacionais têm se mantido estáveis em US$ 370 bilhões. "Em 2005 e 2006, no mercado internacional, a avaliação já era de que a economia brasileira poderia ser considerada como grau de investimento independentemente das agências de risco", afirma Simão Silber, professor do Departamento de Economia da Universidade de São Paulo (USP) - a economia brasileira só foi elevada a grau de investimento em abril de 2008 pela Standard & Poor's.

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