LONDRES - A dívida global ruma para encerrar 2019 no valor recorde de mais de US$ 255 trilhões, estimou o Instituto de Finanças Internacionais (IIF) nesta sexta, 15, — quase US$ 32.500 para cada um dos 7,7 bilhões de habitantes do planeta.
A quantia, que é mais do que o triplo da produção econômica mundial anual, foi impulsionada por uma alta de US$ 7,5 trilhões na primeira metade do ano que não mostra sinais de arrefecer.
Cerca de 60% desse aumento veio dos Estados Unidos e da China. Só a dívida governamental deve ultrapassar os US$ 70 trilhões neste ano, assim como a dívida geral (governo e setores corporativo e financeiro) dos países de mercados emergentes.
“Com poucos sinais de desaceleração no ritmo da acumulação de dívida, estimamos que a dívida global ultrapassará US$ 255 trilhões neste ano”, disse o IIF em um relatório.
Entre os setores, a dívida governamental teve a maior elevação no primeiro semestre, aumentando em 1,5 ponto percentual, seguida pela das empresas não-financeiras, que cresceu um ponto percentual.
Além disso, como hoje as estatais representam mais da metade da dívida corporativa não-financeira nos mercados emergentes, os empréstimos ligados a títulos soberanos se tornaram o principal catalisador da dívida global ao longo da última década.
Também nesta sexta-feira, analistas diferentes do Bank of America Merrill Lynch calcularam que, desde o colapso do banco de investimentos norte-americano Lehman Brothers, governos emprestaram US$ 30 trilhões, empresas receberam US$ 25 trilhões, lares outros US$ 9 trilhões e bancos US$ 2 trilhões.
Os dados do IIF, que se baseiam em cifras do Banco de Compensações Internacionais e do Fundo Monetário Internacional (FMI), além das suas próprias, também mostraram que o montante da dívida fora do setor financeiro superou 240% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial ao chegar a US$ 190 trilhões.
Os mercados mundiais de títulos cresceram dos US$ 87 trilhões de 2009 para mais de US$ 115 trilhões. Hoje os títulos governamentais compõem 47% do mercado – em 2009 eram 40%. Os títulos bancários recuaram de mais de 50% em 2009 para menos de 40%.