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Donos da JBS foram do açougue em Goiás à cobertura em Nova York

Para garantir a expansão da JBS, irmãos Batista se aproximaram de pessoas estratégicas

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Por Redação
Atualização:
Hotel Baccarat, em Nova York, onde Joesley Batista sehospedou Foto: Pablo Enriquez /The New York Times

Na semana em que as delações dos irmãos Batista derrubaram a Bolsa, turbinaram o dólar e balançaram o governo do presidente Michel Temer, Nova York estava coalhada de brasileiros. Em caravana, políticos e empresários foram ver o prefeito de São Paulo receber o troféu “O Homem do Ano”. Joesley também estava lá. Foi visto atravessando o saguão do Hotel Baccarat, um dos endereços mais sofisticados e elegantes de Manhattan. Não que precise de hospedagem na Big Apple. É dono de um duplex há duas quadras dali, na 5ª Avenida. Mas antecipando que sua porta seria tomada por curiosos instalou-se com a família nos 685 m² do prédio de 50 andares. 

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Entre os seis irmãos Batista – três meninos e três meninas – Joesley sempre teve a fama de ter raciocínio ligeiro, audácia e ambição. É dono de uma ilha, tem jatinho, gosta de bons restaurantes. Sua fortuna é avaliada em R$ 3 bilhões. Tem um talento natural para cálculos financeiros. Nato mesmo. Ao contrário das irmãs, que se empenharam nos estudos até a faculdade, nenhum dos três irmãos tem curso superior. Passaram a vida trabalhando com o pai. 

José Batista Sobrinho começou o negócio com uma casa de carnes, em 1953, em Anápolis, interior de Goiás. Matava cinco bois por dia. O seu primogênito, José Batista Junior., o Jr. do Friboi, aos 20 e poucos anos, carregava nas costas as peças de carnes que vendiam para açougues. Foi Jr. que transformou a então Friboi no maior frigorífico do Brasil. Impôs um estilo de expansão que se tornou a marca dos Batista: fazer profusões de aquisições e fusões; uma, às vezes, duas por ano. 

Wesley se especializou na área operacional. Não há executivo no setor que não admire a sua destreza em azeitar uma linha de produção. Nos bastidores, coube a ele incorporar cada novo negócio ao ritmo da empresa. Mas foi Joesley que, a partir da abertura de capital, em 2007, teve agressividade para globalizar a empresa – rebatizada de JBS, sigla do nome do pai.

Joesley teceu uma teia de relacionamentos políticos e empresariais, se aproximando de pessoas estratégicas. O ex-ministro Antônio Palocci, o ex-ministro Guido Mantega, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. Os bancos BNDES, JPMorgan, Julius Baer. Quem já entrou numa disputa com um Batista não se admira que tenham saído sem algemas ao negociar as delações. Agora, depois de passarem décadas crescendo, eles iniciam um teste inusitado: encolher. 

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