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Dono do BVA teve empresa envolvida na 'máfia do lixo' em Santo André

Esquema veio à tona com o assassinato do ex-prefeito Celso Daniel, em 2002  

Por Vinicius Neder e da Agência Estado
Atualização:

RIO - O fundador do Banco BVA, José Augusto Ferreira dos Santos, era sócio de uma das empresas que participaram da chamada "máfia do lixo" na prefeitura petista de Santo André, esquema que veio à tona com o assassinato do ex-prefeito Celso Daniel, em 2002. A instituição financeira sofreu nesta sexta-feira uma intervenção do Banco Central (BC).

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Santos também envolveu-se em escândalo relacionado a compensações fraudulentas de dívidas com a Receita Federal e teve operações recusadas pelo Fisco quando tentava quitar impostos com créditos podres. Em 2010, uma advogada de Santos informou ao Estado que o banqueiro foi vítima no caso escândalo tributário e que teria acertado tudo com a Receita.

Atualmente, o banqueiro divide o controle do BVA com o presidente da instituição, Benedito Ivo Lodo Filho, ex-executivo do banco J. Safra, contratado no fim de 2006. Lodo e Santos possuem, juntos, 68% das ações ordinárias. O primeiro é quem toca o dia a dia, enquanto o segundo tem a maior quantidade de ações.

Fundado no Rio, o BVA está radicado em São Paulo, com atuação sobretudo no segmento de crédito a pequenas e médias empresas. Embora a sede da instituição continue no Rio, o banco tem escritório e agências em Campinas, Santo André, Ribeirão Preto e na capital paulista. No site do BVA na internet consta também um escritório em Belo Horizonte. No Rio, a sede fica no Shopping Leblon, centro de compras de luxo no bairro localizado na Zona Sul da cidade.

Agressividade era marca do BVA

Lodo esteve à frente do forte crescimento do BVA nos últimos anos. Segundo relatório de risco da agência Austin Rating, datado de junho passado, houve aumento de 761,8% no patrimônio líquido do banco, de 2009 a 2011. Entre 2007 e 2010, o banco chamou a atenção por ter elevado os ativos em mais de dez vezes no período.

A agressividade do BVA virou assunto entre concorrentes e analistas de mercado, que passaram a atribuir o sucesso a um suposto bom trânsito político e acesso a fundos de pensão de empresas estatais. Lodo negou o uso de tais artifícios.

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O BVA já estava na mira do BC. Neste ano, não apresentou nenhum balanço auditado, enquanto tentava conseguir a aprovação da autoridade monetária para fazer mudanças em sua composição acionária. A reorganização societária previa a saída de Santos.

Os 32% restantes da composição societária do BVA pertencem a um fundo de private equity e a uma empresa controlada pelo grupo Caoa, de revendedoras de automóveis e sócia da Hyundai do Brasil, de Carlos Alberto de Oliveira Andrade. As mudanças na composição acionária do banco ainda dependiam de autorização por parte do BC.

A reorganização societária, de acordo com o relatório da Austin Rating de junho, incluiria também a entrada de Cleber da Silva Faria, da família fundadora da Cervejaria Petrópolis - fabricante da cerveja Itaipava. Faria também é piloto de automobilismo, na fórmula Gran Turismo. Ele compete justamente pela equipe BVA Racing Team, patrocinada pelo banco, que estreou no Campeonato Brasileiro de Gran Turismo neste ano. Faria e seu companheiro de equipe, Duda Rosa, lideram o campeonato, a quatro etapas do fim.

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