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Dudalina e dona da Le Lis Blanc se unem para criar maior varejista de alto padrão do País

Confecção de camisas terá 100% do capital incorporado pela dona das grifes Le Lis Blanc e Bo.Bô; juntas, as empresas terão uma receita anual de R$ 1,1 bilhão 

Por Marcela Ayres 
Atualização:

A Restoque, dona das grifes Le Lis Blanc e Bo.Bô, e a camisaria Dudalina irão se unir para criar a maior varejista de roupas do Brasil para o público de alta renda, com receita anual combinada acima de R$ 1,1 bilhão. O negócio, anunciado nesta quinta-feira, reduzirá a alavancagem da Restoque e poderá ser uma porta de saída no futuro para os dois grupos de private equity que assumiram o controle da Dudalina há menos de um ano. A operação foi bem recebida por investidores e a ação da Restoque, que não integra o Ibovespa, fechou com alta de quase 11%, a R$ 8,98, enquanto o Ibovespa encerrou com valorização de 1,25%. O valor atribuído à Dudalina foi de R$ 1,75 bilhão, mais do que o dobro do estimado no fim de 2013, quando a camisaria de capital fechado teve seu controle vendido aos grupos norte-americanos de private equity Advent International e Warburg Pincus.

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Pelos termos da transação, 100% do capital da Dudalina será incorporado pela Restoque. Os sócios da camisaria receberão 174,9 milhões de novas ações de emissão da Restoque e passarão a ter 50% do seu capital. 

Ao mesmo tempo, os atuais acionistas da Restoque serão diluídos. Hoje, a Waterford Participações é a maior acionista individual da Restoque, com fatia de 15,7%. 

Em fato relevante, a Restoque disse que "não há acordo de acionistas e que, uma vez consumada a incorporação, a Restoque permanecerá sem acionista controlador". A Restoque, questionada pela Reuters sobre o fato de os donos da Dudalina ficarem com 50% da companhia após a emissão das ações, não se pronunciou imediatamente. 

Os presidentes da Restoque, Livinston Bauermeister, e da Dudalina, Sonia Hess, permanecerão na gestão das companhias. O Conselho de Administração da Restoque passará de cinco para nove membros, com os quatro novos nomes vindos da Dudalina

Perspectivas. Criada em 1957, a Dudalina alcançou uma receita líquida de R$ 435 milhões no ano passado, impulsionada principalmente pela venda de camisas para um público de alto poder aquisitivo. O lucro líquido foi de R$ 110 milhões, contra prejuízo de R$ 18,4 milhões da Restoque. 

A Restoque, que possui também as marcas de moda John John e Rosa Chá, ressaltou que a operação reduzirá seu nível de endividamento e otimizará a produção a partir do uso das fábricas da Dudalina, também gerando economias no uso de canais de atacado e varejo e maior escala em despesas administrativas e de marketing. 

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Juntas, as duas empresas teriam apresentado uma relação entre dívida líquida e Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 1,2 vez no fim de junho, contra indicador de 2,6 vezes da Restoque sozinha. 

"A marca Dudalina é complementar às atuais marcas da Restoque e permite uma diversificação no perfil de clientes, com um preço médio alinhado com o atual preço médio da Restoque e margens semelhantes", disse a Restoque. 

As duas empresas convocarão seus acionistas para assembleias no próximo dia 21 para deliberar sobre a incorporação. O negócio ainda está sujeito à aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

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